O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, chegou à Dinamarca nesta quarta-feira (22) para uma visita sobre a cooperação no Ártico, um ano após a polêmica sobre a oferta de Donald Trump de comprar a Groenlândia.

Depois de sua passagem pelo Reino Unido, Pompeo chegou a Copenhague às 10h locais (5h em Brasília).

De manhã, ele se reuniu com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em sua residência oficial em Marienborg, a 1 km de Copenhague.

Ele também vai-se reunir com o ministro das Relações Exteriores Jeppe Kofod, que também convidou para o encontro as autoridades da Groenlândia e das Ilhas Faroe para essa mesma pasta. Ambos são territórios dinamarqueses.

“Como vamos falar sobre o nosso relacionamento no Ártico, naturalmente meus colegas da Groenlândia e das Ilhas Faroe precisam estar sentados à mesa. Eu atribuo uma importância crucial a isso”, disse Kofod.

A Dinamarca, que considera os Estados Unidos como seu “aliado mais próximo”, de acordo com o ministro, apoia há 20 anos a relação de Washington, com o envio de tropas para o Afeganistão e para o Iraque, ou participando da intervenção militar na Líbia.

– Uma oferta “absurda” –

Essas boas relações se viram afetadas em agosto passado por uma oferta inesperada de compra da Groenlândia, um enorme território de mais de dois milhões de quilômetros quadrados no Ártico e uma zona estratégica para um país pequeno como a Dinamarca.

A oferta surpreendeu, porque Washington não estava interessado neste território desde a Guerra Fria, apesar de ter sua base aérea mais ao norte, em Thule, no norte da Groenlândia.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o Departamento de Estado destacou o papel da Dinamarca e da Groenlândia no Ártico, “especialmente quando estamos vendo uma atividade reforçadas na região por parte da Rússia e da China”.

Frederiksen classificou a proposta de Trump de “absurda”. O presidente americano acabou tendo de cancelar uma visita a Copenhague prevista para setembro de 2019.

A tensão diminuiu, graças aos contatos por telefone e, em 10 de junho, os Estados Unidos, com a aprovação da Dinamarca, reabriram um consulado em Nuuk, capital da Groenlândia, fechado por 67 anos.

Em abril, o governo da Groenlândia também aceitou US$ 12,1 milhões em ajuda dos EUA para projetos civis.

“O que dissemos no passado e o que fazemos agora são duas coisas diferentes. E o que conta é o que dizemos agora”, disse a representante da Groenlândia Steen Lynge à AFP na terça-feira.

Outra questão em disputa é o gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha, que Washington critica porque pode aumentar a dependência da Europa do gás russo.

Em outubro de 2019, a Dinamarca autorizou a passagem do gasoduto por suas águas, embora uma fonte diplomática tenha dito à AFP que o país tem dificuldades em satisfazer, ao mesmo tempo, seus dois principais aliados, Estados Unidos e Alemanha.

As relações entre as grandes potências também dominaram a visita de Mike Pompeo a Londres na terça-feira.

Pompeo pediu ao mundo que se levante frente à China, depois de se reunir com o governo britânico, com relações tensas com Pequim sobre a situação em Hong Kong e também pela decisão de Londres de excluir equipamentos chineses da Huawei de sua rede de Internet 5G.