O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e o da Defesa, Mark Esper, iniciaram, nesta segunda-feira (26), em Nova Délhi, uma visita de dois dias para reforçar a aliança entre Estados Unidos e Índia contra a China.

Nestes encontros anuais, Pompeo abordará, juntamente com o ministro indiano das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, e o da Defesa, Rajnath Singh, a forma de “trabalharmos juntos para frear as ameaças do Partido Comunista da China”, conforme declarações do secretário americano na quarta-feira passada.

A Índia, que se unirá ao Conselho de Segurança da ONU por dois anos em janeiro próximo, “será o sócio mais determinante para os Estados Unidos na região Indo-Pacífico (…) neste século”, afirmou Esper na última terça.

Segundo ele, trata-se da “maior democracia do mundo, um país muito competente, com gente talentosa que enfrenta, a cada dia, a agressão chinesa no Himalaia”.

A China reagiu a essas declarações logo na sequência.

“Fazer da China um rival como os Estados Unidos estão fazendo é um grave erro estratégico”, lamentou na Zhao Lijian, porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores na quarta-feira.

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As tensões entre Índia e China, em choque desde 1962 por um conflito fronteiriço, aumentaram desde os letais combates entre suas tropas em junho na disputada fronteira do Himalaia. Os confrontos deixaram 20 mortos no lado indiano e um número desconhecido de vítimas no efetivo chinês.

Em setembro, as duas potências nucleares trocaram acusações sobre disparos nas fronteiras, algo que não acontecia desde 1975. Ambos os países enviaram dezenas de milhares de soldados para esta região do Himalaia, com temperaturas glaciais no inverno.

A Índia pediu aos Estados Unidos material para resistir ao frio, uma questão que poderá ser abordada durante estes encontros, segundo várias autoridades.

– Troca de informações –

Está previsto que ambos os países assinarão um acordo para compartilhar informações geoespaciais, o que abriria caminho pra que Washington aporte tecnologia sofisticada para mísseis, acrescentaram fontes oficiais ouvidas pela AFP.

Esper também buscará aumentar a cooperação entre os Exércitos dos dois países, o que poderá incluir a troca de informação, mais manobras comuns e vendas de armas, entre elas os caças americanos F-18.

Depois de Nova Délhi, Pompeo viaja para Sri Lanka e Indonésia, sempre com a ideia de defender uma “região Indo-Pacífico livre e aberta”, em oposição ao expansionismo chinês.

Entre os dois países, ele fará uma parada nas ilhas Maldivas para abordar o tema da segurança marítima e a luta contra o terrorismo, segundo o Departamento de Estado.

Pompeo voltará para os Estados Unidos em 30 de outubro, às vésperas da eleição presidencial de 3 de novembro.

“Em outros tempos, a Índia poderia ter-se queixado da presença dos Estados Unidos no oceano Índico. Hoje em dia, não quer que vá embora”, observa Tanvi Madan, diretora de The India Project na Brookings Institution.


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