Os Estados Unidos estão “otimistas” com a possibilidade de que os curdos sejam protegidos apesar da saída do país da Síria, enquanto garantem à Turquia “o direito de defender seu país de terroristas”, declarou o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, neste sábado (12), em Abu Dhabi.

“Confiamos na possibilidade de alcançar este duplo objetivo”, disse ele a repórteres que o acompanham em sua visita ao Oriente Médio.

No sábado, Pompeo conversou por telefone com seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu.

“Muitos detalhes seguem sem resolução, mas sou otimista sobre a possibilidade de alcançarmos um bom resultado”, declarou Pompeo, logo após a teleconferência com Cavusoglu.

Antes da retirada dos Estados Unidos da Síria, os grupos curdos sírios, aliados de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), tiveram que confiar no regime de Damasco para garantir sua sobrevivência diante das ameaças turcas.

De fato, a Turquia ameaça lançar uma ofensiva para expulsar os milicianos curdo-sírios das Unidades de Proteção Popular (YPG), aos quais considera “terroristas”, e acusam de apoiar os curdos turcos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), que estão promovendo uma insurreição contra o Estado turco desde 1984.

Desde então, Pompeo procura garantir que “os turcos não massacrem os curdos”. Washington até subordina sua retirada da Síria ao fato de que eles estão protegidos, o que irrita Ancara.

“Nós reconhecemos que os turcos e o presidente (Turk Recep Tayyip) Erdogan tem o direito de defender seu país dos terroristas”, disse Mike Pompeo em Abu Dhabi.

“Aqueles que lutam conosco por um longo tempo também merecem ser protegidos”, acrescentou ele, referindo-se às milícias curdas sírias.

Em uma coluna publicada na segunda-feira no New York Times, Erdogan assegurou que a Turquia não tem “nenhum problema com os curdos da Síria” e prometeu que “todos os combatentes qye não têm uma relação com organizações terroristas” não terão problemas.

Consultado sobre a possibilidade de fazer realmente uma distinção entre os curdos da Síria e os milicianos, ou seja, entre “terroristas” e “não terroristas”, Pompeo considerou ser possível fazê-lo.

A Turquia, por sua vez, comemorou a declaração do secretário de Estado americano.

“Consideramos correta sua declaração sobre a eliminação dos elementos que preocupam a Turquia”, reagiu o chanceler turco, em discurso no sul da Turquia.

Os Estados Unidos continuam relativizando a importância da retirada de suas tropas, que surpreendeu muitos de seus aliados, e já começou a retirar equipamentos da Síria.

Neste sábado, Pompeo apresentou esta retirada como uma decisão meramente “tática”, que não muda a estratégia do governo Trump, após negar na quinta-feira, em discurso no Cairo, que os Estados Unidos se desinteressam do Oriente Médio.