ROMA, 20 MAR (ANSA) – A poluição excessiva da região norte da Itália pode ter acelerado a transmissão do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no país, mostrou um estudo divulgado pela Sociedade Italiana de Medicina Ambiental (Sima) com as Universidade de Bolonha e Bari.   

De acordo com os dados analisados pelas entidades, com base nos relatórios apresentados diariamente pela Agência Regional para a Proteção Ambiental (Arpa), o pó fino suspenso no ar “acelerou” a propagação por todo o norte e pela Planície Padana – que corta a Lombardia, Vêneto, Piemonte e Emilia-Romagna, as quatro regiões que mais registram casos confirmados da nova doença Covid-19.   

“Altas concentrações de poeira fina no fim de fevereiro na Planície Padana exercitaram uma aceleração anômala, em evidente coincidência, na distância de duas semanas, com as mais altas concentrações de partículas atmosféricas que exerceram uma ação de impulsionamento, que deu força à difusão violenta da epidemia”, destacou o pesquisador do Departamento de Química da Universidade de Bolonha, Leonardo Setti.   

“O efeito é mais evidente naquelas províncias que registraram os primeiros focos do problema”, completa Setti.   

Gianluigi de Gennaro, pesquisador do Departamento de Biologia da Universidade de Bari, destacou ainda que as partículas de poeira presentes no ar “agem como transportadores”. “Quanto mais elas existem, mais estradas são criadas para o contágio. É necessário diminuir as emissões, esperando uma meteorologia favorável”, finaliza.   

A região norte da Itália registra, com bastante frequência, níveis acima dos permitidos de poluição atmosférica, sendo alvo de denúncia da Comissão Europeia por não respeitar os limites toleráveis.   

Segundo a União Europeia, a Itália é o país do bloco com maior número de áreas expostas à poluição do ar tanto para níveis elevados de concentração de dióxido de nitrogênio, ozônio e partículas sólidas.   

A boa notícia para os italianos que moram na região mais afetada pelo novo coronavírus é que, com a série de restrições de locomoção impostas pelo governo italiano, o nível de poluição caiu drasticamente durante março. De acordo com imagens de satélite, a região norte – o maior polo industrial do país – teve a redução na concentração de dióxido de nitrogênio na área que engloba a Ligúria, Piemonte, Lombardia, Vêneto e boa parte da Emilia-Romagna. A Itália é o segundo país do mundo com mais casos registrados da Covid-19, com 41.035 infectados, e o maior em número de mortos, 3.405. Desses, 19.884 contaminados moram na Lombardia, 5.214 na Emilia-Romagna, 3.484 no Vêneto e 2.932 em Piemonte. (ANSA)