ROMA, 21 SET (ANSA) – Políticos italianos já comemoram a iminente vitória do “sim” no referendo sobre a reforma constitucional que reduz o número de parlamentares no país de 945 para 600.   

Com pouco mais de 43,8 mil das 62,3 mil seções eleitorais já apuradas, o “sim” aparece com 69,24% dos votos, contra 30,76%, confirmando a tendência apontada pelas pesquisas.   

“O resultado de hoje é histórico. Voltaremos a ter um Parlamento normal, com 345 poltronas a menos. É a política dando um sinal aos cidadãos”, disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, ex-líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e um dos principais cabos eleitorais da reforma.   

“Estou orgulhoso do resultado, esse é um ponto de partida, não de chegada”, acrescentou Di Maio à ANSA. Já o líder interino do M5S, Vito Crimi, chamou o resultado de “extraordinário”.   

“Agradeço a todos aqueles que foram votar nesse período de emergência da Covid-19”, disse.   

Por sua vez, o líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) e governador do Lazio, Nicola Zingaretti, declarou estar “satisfeito”. “Foi confirmado que o PD fez a escolha certa, agora avancemos com as reformas”, ressaltou.   

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O partido era contra a redução do Parlamento, mas mudou de ideia após se aliar ao M5S no governo italiano. Em troca de seu apoio à reforma, o PD obteve do movimento antissistema a garantia de aprovar um novo sistema eleitoral que reflita a futura composição da Câmara dos Deputados e do Senado.   

O próprio Di Maio já disse que o resultado do referendo abre um “percurso de renovação cujo próximo passo deve ser a aprovação de uma lei eleitoral proporcional”. O chanceler também defendeu a redução dos salários dos parlamentares.   

A reforma submetida a referendo reduz o número de deputados de 630 para 400 e o de senadores de 315 para 200, sem levar em conta os cinco vitalícios. O corte também afetará os parlamentares italianos eleitos no exterior, que passarão de 18 (12 deputados e seis senadores) para 12 (oito deputados e quatro senadores).   

Números – A Itália é hoje o país que mais elege parlamentares pelo voto direto em toda a União Europeia, com 945.   

Quando também se leva em conta câmaras não eletivas, o Reino Unido assume a liderança, com 1.430. Já considerando o tamanho da população, a Itália tem hoje um parlamentar eleito para cada 64 mil habitantes.   

Todos os outros Estados-membros da UE com mais de 30 milhões de habitantes apresentam relações de representatividade superiores à da Itália: Alemanha (um parlamentar eleito para cada 117 mil habitantes), França (um para cada 116 mil), Reino Unido (um para cada 102 mil), Espanha (um para cada 84 mil) e Polônia (um para cada 68 mil).   

Depois da reforma, a Itália passará a ter 600 parlamentares eleitos, o que a deixará em terceiro lugar no ranking da UE em números absolutos, atrás de Alemanha (709) e Reino Unido (650), e uma relação de um para cada 101 mil habitantes, índice mais compatível com os de Alemanha, França e Reino Unido. (ANSA).   


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