As políticas de empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) estão prejudicando os direitos humanos e os objetivos de desenvolvimento das Nações Unidas, afirmou nesta quarta-feira (18) um perito independente comissionado pela ONU.

Em países que enfrentam crises de pobreza e saúde, as condições impostas pela instituição podem enfraquecer os gastos sociais e dificultar o respeito dos países em crise aos direitos humanos, além de aumentar o desemprego, diminui os padrões trabalhistas e prejudicar a saúde pública e o meio ambiente, apontou o relatório do especialista.

“A dimensão dos direitos humanos nos empréstimos não pode mais ser ignorada”, disse o autor da pesquisa, Alfred de Zayas, nomeado pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU e encarregado de promover a justiça na ordem internacional.

“Deploro o fato de que as práticas de empréstimos das instituições financeiras internacionais às vezes vão contra os objetivos das Nações Unidas, não apenas no campo dos direitos humanos, mas também no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, prosseguiu.

Em seu relatório, Zayas lembrou que o FMI insistiu em medidas agressivas de privatização e austeridade.

Após a crise política e em tempos de dívida e sofrimento econômico na Grécia, na Argentina e na Tunísia, o relatório destacou que as políticas do FMI impuseram “condições extremas” que exigiam cortes nos gastos sociais, enquanto milhões de pessoas não possuíam cuidados de saúde ou estavam desempregadas, mas não recebiam benefícios de desemprego.

Este ano, de acordo com Zayas, o FMI suspendeu os desembolsos de empréstimos para a Tunísia depois de exigir a privatização dos bancos estatais e o corte de 10 mil empregos do setor público.

O especialista da ONU também citou comentários acadêmicos sobre as condições do apoio do FMI – que exigiam que os países demonstrassem um crescimento rápido e políticas fiscais conservadoras – que enfraqueceram a capacidade dos países africanos de responder à epidemia de Ebola em 2014.

Representantes do FMI disseram à AFP que não comentariam o relatório da ONU.