O secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto Sá, disse na tarde desta quinta-feira, 6, que não há política de confronto no Rio, ou seja, que policiais não são orientados a atirar em situações de embate com criminosos.

A declaração contrasta com o alto número de inocentes baleados em operações policiais – os casos mais recentes são os das meninas Vanessa dos Santos, de 11 anos, na zona norte, morta a tiros dentro de casa, e Samara Gonçalves, de 14 anos, na Baixada Fluminense, alvejada na escola.

“Existe confronto, mas não é uma política de confronto. Se o policial está fazendo uma abordagem e o sujeito desce atirando, é uma decisão que ele (policial) terá que fazer ali, na hora”, ele disse, ao participar do programa “Estúdio I”, da Globonews.

Roberto Sá se solidarizou com as famílias das crianças baleadas ao falar do recrudescimento da violência nos últimos anos. Em maio de 2017, foram 541 mortes violentas, ante 473 em 2016.

“Meu coração é o coração de pai, de humano. Os números dizem que tudo piorou. Fazer segurança pública com dinheiro já é complexo; imagina sem dinheiro”, afirmou, citando a crise financeira por que passa o Estado.

O secretário surpreendeu ao dizer que o nome “Unidade de Polícia Pacificadora”, dado aos destacamentos permanentes em favelas em 2008, foi um equívoco, e que a denominação gera “cobrança injusta” sobre as unidades.

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Instaladas em comunidades perigosas, dominadas por traficantes, as UPPs serviram à redução da criminalidade até 2012; desde então, vêm se mostrando problemáticas.

“Foi um sonho. Uma utopia quem achou isso”, declarou, sobre o termo “pacificação”. Sá anunciou que a partir de agora o perímetro de atuação dos policiais lotados nas UPPs será ampliado para as entradas das favelas. Ele lembrou ainda, como de costume, que a polícia não pode atuar sozinha, e que o Estado necessita que a barreira federal à entrada de armas de fogo no Rio seja efetiva. Anualmente, são apreendidas no Estado 9 mil armas; uma por hora.


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