São Paulo, 26 – O projeto de uma política nacional para o trigo, proposto pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) ao Ministério da Agricultura, está sob análise da Pasta, segundo o presidente-executivo da Abitrigo, o diplomata Rubens Barbosa. “A ministra Tereza Cristina nos disse que o projeto está avançando. Agora iremos discuti-lo com o secretário de Política Agrícola”, afirmou Barbosa, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, 26, em São Paulo.

De acordo com a Abitrigo, o projeto prevê ampliar a oferta nacional do grão com aumento da área plantada e diversificação das regiões tradicionais de cultivo. “Trigo é o único grão que é importado. A ideia é aumentar a oferta interna para reduzir a dependência do exterior dentro de uma visão de livre mercado. Moinhos que quiserem importar, poderão continuar importando”, explicou Barbosa. Segundo a entidade, o projeto planeja estimular o plantio do cereal em aéreas em que tradicionalmente não é cultivado, para fora da região Sul.

Se adotada, a política deve ter um efeito no médio e longo prazo, na análise da indústria moageira. “Pretendemos estimular o plantio sem previsão de incentivo fiscal. Produtor terá de se acostumar com mudanças na forma de financiamento com redução dos incentivos governamentais”, completou Barbosa.

Ainda sobre a decisão do governo brasileiro de estabelecer uma cota anual de 750 mil toneladas de trigo importado de países de fora do Mercosul, sem tarifa, Barbosa salientou que a Argentina, principal fornecedora, não deve perder mercado no Brasil. “Moinhos irão comprar de quem tiver melhor preço, melhor prazo de entrega, melhores condições”, argumentou Barbosa.

Cota

A decisão de isentar uma cota anual de 750 mil toneladas de trigo importado de países de fora do Mercosul da tarifa de exportação comum pelo governo brasileiro foi uma iniciativa do governo, sem participação da indústria, segundo o presidente executivo da Abitrigo. “Para a indústria, quanto mais opções, melhor para competitividade. Em compensação, a cota não deve afetar produtor nacional porque o volume produzido internamente não é suficiente para abastecimento do mercado doméstico”, disse Barbosa.

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Na análise da entidade, apesar de a cota não ser exclusivamente destinada para os Estados Unidos, a maior parte do volume deve ser preenchida por trigo norte-americano. “é uma cota para trigo de qualquer procedência, mas os Estados Unidos têm vantagem competitiva por conhecer mercado brasileiro”, avaliou Barbosa.

Ex-embaixador do Brasil em Washington, Barbosa acredita que a medida não prejudicará as relações comerciais entre Brasil e Argentina. Cerca de 90% do volume importado pela indústria moageira nacional é originado no país vizinho.

“Essa cota é pouca expressiva dentro das cerca de 6,5 a 7 mi de toneladas que o Brasil importa anualmente. Isso representa apenas 10% do que importamos. Diante disso, Argentina não deve perder mercado no Basil”, argumentou Barbosa. Ainda segundo o presidente-executivo da Abitrigo, esse cereal importado de fora do Mercosul tende a ser enviado principalmente para moinhos da região Norte, Nordeste, área que geralmente os exportadores argentinos não alcançam.


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