O Conselho da Europa apontou nesta sexta-feira (23) que a política anti-imigrantes praticada na Itália acaba favorecendo o trabalho forçado, desencorajando as denúncias das vítimas.

Um relatório do Grupo de Especialistas sobre o Combate ao Tráfico de Seres Humanos (Greta) do Conselho da Europa estima que, anualmente, entre 2.100 e 3.800 pessoas são identificadas como potenciais vítimas de tráfico na Itália.

“Esses números não refletem a real magnitude do fenômeno […] devido aos procedimentos insuficientes implementados para identificar as vítimas e à baixa taxa de denúncias por parte delas, que temem ser penalizadas ou expulsas”, destacou o Conselho da Europa em um comunicado.

O Conselho da Europa é uma instituição sediada em Estrasburgo, no leste da França, não vinculada à União Europeia e que reúne 46 países.

De acordo com os autores do texto, embora tenham sido feitos esforços para melhorar a detecção de vítimas entre os solicitantes de asilo, “as medidas restritivas adotadas pela Itália em relação à imigração favorecem um clima de criminalização dos migrantes, levando muitas possíveis vítimas de tráfico a não denunciarem seus casos às autoridades, com medo de serem privadas de liberdade e expulsas”.

A exploração por meio do trabalho, entretanto, continua profundamente enraizada em alguns setores altamente dependentes de mão de obra estrangeira, de acordo com o Greta.

“Os setores de alto risco incluem agricultura, têxtil, trabalho doméstico, construção, hotelaria e restauração”, acrescentou o grupo de especialistas.

A maioria das vítimas são mulheres, mas a quantidade de homens e pessoas trans está aumentando.

Embora a exploração sexual ainda seja a maneira predominante do tráfico, o trabalho forçado tem crescido constantemente.

O número de investigações e condenações em casos de tráfico de seres humanos diminuiu, lamentam os autores do relatório, que pedem ao governo italiano garantias de “sanções efetivas” contra os traficantes.

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