O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou nesta quarta-feira (10) a prisão de um policial acusado de assassinar em março um estudante da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, um incidente que inflamou os ânimos da cidade que ainda reivindica o desaparecimento de outros 43 estudantes em 2014.

“Na madrugada de hoje, o policial que assassinou o jovem de Ayotzinapa foi preso, todos os envolvidos estão agora detidos. Ele estava escondido em uma fazenda, protegido, e a investigação está em andamento”, disse o presidente durante sua habitual coletiva de imprensa matinal.

Yanqui Gómez, aluno da escola rural de professores de Ayotzinapa, foi morto a tiros em 7 de março durante uma operação policial em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero (sul). O crime aumentou a insatisfação da comunidade, que há quase uma década exige justiça pelo desaparecimento – até agora não esclarecido – de 43 estudantes da mesma instituição, em 2014.

O descontentamento dos moradores cresceu ainda mais depois que o policial acusado de matar Gómez, de 23 anos, escapou alguns dias antes de sua prisão formal, o que desencadeou protestos violentos na capital de Guerrero.

Os secretários de Segurança e de Governo (Interior) de Guerrero renunciaram depois que as investigações mostraram Gómez desarmado ao ser abordado pela polícia, o que López Obrador classificou como “abuso de autoridade”.

Como consequência, a procuradora-geral do Estado também foi destituída do cargo.

O desaparecimento dos chamados “43 de Ayotzinapa” é uma das piores violações dos direitos humanos cometidas em décadas no México, que acumula cerca de 450.000 mortes violentas e mais de 100.000 desaparecidos desde 2006, quando o governo declarou uma guerra contra o tráfico de drogas com envolvimento das forças militares.

Até o momento, a investigação do caso só conseguiu localizar os restos mortais de três alunos. Desde 2022, foram emitidos mandados de prisão para 132 pessoas, incluindo 14 militares e o ex-procurador-geral Jesús Murillo Karam.

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