Policial diz ter integrado grupo armado para trama golpista: ‘Matar meio mundo’

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Wladimir Soares, policial investigado por trama golpista Foto: Reprodução/Redes sociais

A Polícia Federal localizou mensagens de áudio no celular do policial Wladimir Soares, um dos denunciados por uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, em que ele diz integrar um grupo armado para defender Jair Bolsonaro (PL), que seria mantido na Presidência da República apesar da derrota nas urnas, e que essa equipe estaria disposta a “matar meio mundo de gente” para concluir o plano.

Soares está preso preventivamente desde novembro de 2024 e os áudios foram tornados públicos na quarta-feira, 14, pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Nas mensagens, ele relata ter se infiltrado na equipe de segurança do presidente Lula (PT) para monitorá-lo e afirma que a equipe armada estava “esperando o ok do presidente [Bolsonaro] para agir“.

Segundo o agente, o então mandatário recuou após os comandantes do Exército e da Força Aérea negarem adesão à trama. “Os generais foram lá e disseram que não iam mais apoiar ele. Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais“.

Conforme as investigações da PF, o general Marco Antônio Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior foram apresentados ao plano, mas não aceitaram colaborar. Já o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, colocou suas tropas à disposição. Em outro áudio, Soares afirma que a Força “apoiou 100%” a tentativa de golpe.

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Veja abaixo a cronologia da trama

Denúncia contra Soares ainda será julgada

Após a investigação policial e a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), a Primeira Turma do Supremo já tornou réus 21 dos 34 denunciados pela tentativa de ruptura institucional. Na soma dos crimes, cada um dos acusados poderá ser condenado a mais de 43 anos de prisão.

As denúncias avaliadas pela corte, porém, dizem respeito aos núcleos 1, 2 e 4 da trama golpista, enquanto Wladimir Soares é um dos 13 membros do núcleo 3, responsável pelas ações coercitivas e operações de segurança, que inclui o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, então comandante das Forças Especiais do Exército (os “kids pretos”, treinados em operações de contra-inteligência, insurreição e guerrilha), considerada essencial para a concretização do “Punhal Verde e Amarelo”, plano que previa as execuções de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O julgamento do material contra esse grupo está marcado para os dias 20 e 21 de maio.