A policial atingida por um tiro nas costas, no bairro Campo Grande, em Santos, a quase 30 quilômetros do Guarujá, no litoral paulista, enquanto realizava patrulha preventiva na terça-feira, 1º, foi salva pelo parceiro. De acordo com o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, após o atentado, os bandidos retornaram ao local do crime na intenção de executar a policial, mas o colega de farda percebeu e logo agiu para impedir a ação.

“Quatro indivíduos fortemente armados aproveitaram um momento em que a viatura estava estacionada para atacar a policial”, afirmou Derrite no mesmo dia, no momento em que esteve na região para visitar os policiais atacados por criminosos. Além da PM, outro policial também foi baleado na cidade na mesma manhã, segundo a Polícia Militar.

A PM, de 34 anos, que está há dez anos na Polícia Militar, foi atendida na Santa Casa da cidade. Conforme a investigação, os atiradores teriam estacionaram um veículo na Rua Evaristo da Veiga, próximo ao local onde a viatura dos policiais estava estacionada. Eles desembarcaram, correram e atiraram contra os policiais. Em seguida, fugiram.

Após o atentado, os criminosos ainda voltaram ao local do crime para finalizar a execução da policial. “O parceiro dela percebeu, pelo som, que eles estavam voltando. Ele se afastou, ficou em uma posição estratégica e surpreendeu os criminosos. Essa atitude salvou a vida dele e da sua parceira”, afirmou o secretário.

A polícia afirma que foram dois disparos contra a policial, mas não se sabe ao certo se os dois atingiram suas costas ou apenas um dos projéteis. O caso foi apresentado ao 1º Distrito Policial de Santos, onde está sendo investigado.

Os criminosos fugiram, então, em direção ao Morro São Bento, segundo a investigação. Lá, ainda na manhã de terça-feira, atacaram uma viatura do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) e balearam outro policial, atingido com um tiro na perna. O agente foi socorrido em sequência. As circunstâncias ainda estão sendo apuradas pela polícia.

“Na troca de tiros um dos criminosos foi baleado e morreu. Ele tinha passagem por roubo e era foragido da Justiça”, disse a SSP.

Perto dali, no Morro Jabaquara, outra viatura do Baep foi atacada com tiros de fuzil. No confronto, um suspeito foi baleado e morreu. Dois suspeitos foram presos por tentativa de homicídio e tráfico de drogas, de acordo com a pasta.

Os dois policiais baleados passam bem, conforme informações da SSP.

Operação Escudo

O assassinato do policial militar Patrick Bastos Reis, de 30 anos, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar, no dia 27 de julho, no Guarujá, desencadeou uma grande operação policial nos últimos dias para encontrar os suspeitos envolvidos no crime. Participam da ação 600 agentes de equipes especializadas das polícias Civil e Militar do litoral de São Paulo.

Segundo informações da SSP divulgadas nesta quinta-feira, 3, os policiais conseguiram identificar e prender todos os criminosos que participaram da morte do policial. O último envolvido foi preso na madrugada de quarta-feira, 2. Trata-se do irmão do homem apontado como o autor do disparo que matou Reis e que já tinha sido preso no domingo, 30.

Conforme a SSP, a Polícia Militar prendeu 84 pessoas em seis dias de operação, entre 28 de julho e 2 de agosto. Do total, 54 foram presos em flagrante e 30 foragidos da Justiça, capturados. Além disso, quatro adolescentes foram apreendidos.

No período, a polícia vistoriou 2.155 automóveis, dos quais 152 foram removidos, e 1.143 motocicletas, das quais 117 foram recolhidas. Dez veículos com queixa de furto ou roubo foram localizados. Até quarta-feira, 2, foram apreendidas 21 armas, entre pistolas e fuzis.

Ainda segundo a SSP, na quarta-feira, subiu para 16 o número de mortos durante a Operação Escudo. Até segunda-feira, 31, eram dez óbitos. Ouvidoria das polícias e Ministério Público apuram os casos.

Apesar da polícia alegar que a ação ocorre para inibir o tráfico de drogas e trazer segurança à população, o clima é de tensão e medo na região em meio à operação que a Polícia Militar realiza na cidade do litoral paulista. Moradores relataram ao Estadão tiroteios, temor de sair de casa à noite e comércios vazios.

Sobre as denúncias de tortura nas ações da polícia, Derrite disse, na ocasião, que exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) não apontaram para este tipo de ocorrência. “Desmistificando algumas narrativas, que não passam de narrativas, dizendo ‘olha, o indivíduo foi torturado’. Todos os exames até agora realizados pelo IML não apontaram qualquer singelo hematoma, muito menos sinal de tortura dos indivíduos que trocaram tiros com os policiais”, afirmou o secretário.

Mesmo após a prisão dos envolvidos no assassinato do policial Reis, a Operação Escudo continua em toda a região.