Policiais e manifestantes se enfrentam em mais uma noite de protesto no Chile

Policiais e manifestantes se enfrentam em mais uma noite de protesto no Chile

Policiais e manifestantes protagonizaram incidentes isolados nesta sexta-feira durante grandes protestos realizados no centro Santiago e em outras cidades do Chile.

Em Santiago, dezenas de milhares de manifestantes se reuniram na cĆŖntrica praƧa ItĆ”lia desafiando o feriado prolongado no paĆ­s. Em ambiente de festa, ao ritmo de tambores e com bandeiras chilenas e mapuches (a maior etnia do paĆ­s), o protesto se desenvolveu a maior parte do tempo pacificamente, sob a atenĆ§Ć£o da PolĆ­cia.

Entretanto, alguns manifestantes com o rosto coberto tentaram depredar a entrada de uma estaĆ§Ć£o de metrĆ“ ā€“ que jĆ” havia sido atacada em outros protestos – e lojas ao redor da praƧa, mas foram dispersados pela polĆ­cia com jatos de Ć”gua e bombas de gĆ”s lacrimogĆŖneo.

Outro grupo de manifestantes que caminhavam pela Alameda, a principal via de Santiago, parou em frente Ơ sede do governo de La Moneda para protestar contra o presidente SebastiƔn PiƱera, principal alvo dos protestos, mas tambƩm foram dispersados por Carabineros, como Ʃ a chamada a polƭcia chilena.

– “Aos caĆ­dos” –

Mais cedo, cerca de mil mulheres, em silĆŖncio e vestidas de preto, deram inĆ­cio a um novo dia de manifestaƧƵes em Santiago.

“JustiƧa, verdade, nĆ£o Ć  impunidade”, gritaram manifestantes em frente ao PalĆ”cio de La Moneda, a sede do governo, ao final do protesto, quebrando o silĆŖncio feito por grande parte de sua passagem pela Alameda, a principal avenida da capital chilena.

Com vestidos pretos e lenƧos brancos, prestaram uma homenagem “aos caĆ­dos”, em referĆŖncia Ć s cerca vinte pessoas que morreram durante os protestos.

Carregada de simbolismo, enquanto o paĆ­s e grande parte da regiĆ£o comemoram o dia dos mortos, a marcha teve momentos de tensĆ£o quando as mulheres em silĆŖncio e com seus punhos cerrados para o alto se colocaram Ć  frente das fileiras de policiais que apenas observaram sem intervir.

Os protestos, que comeƧaram hƔ 15 dias contra um aumento das tarifas do metrƓ, derivaram em um intenso e amplo movimento contra o governo e as polƭticas implementadas no paƭs.

O INDH levou Ć  justiƧa denĆŗncias por tortura, violĆŖncia sexual supostamente cometidas pelas forƧas de seguranƧa, que na primeira semana foram reforƧadas por militares que patrulharam as ruas em meio ao estado de emergĆŖncia decretado pelo presidente SebastiĆ”n PiƱera.

As denĆŗncias sobre supostos abusos das forƧas de seguranƧa levaram a Alta ComissĆ”ria das NaƧƵes Unidas para os Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, a enviar ao paĆ­s uma missĆ£o para verificar a veracidade das acusaƧƵes.

A crise social, a mais forte desde a redemocratizaĆ§Ć£o em 1990, obrigou PiƱera a cancelar o encontro de lĆ­deres do fĆ³rum econĆ“mico Apec e a cĆŗpula do clima da ONU COP25, que seria realizada em poucas semanas em Santiago.

A ONU confirmou que Madri receberƔ a COP25 no comeƧo de dezembro.