A polícia do Uruguai alertou, nesta terça-feira (3), para os empréstimos oferecidos por cidadãos colombianos a juros muito superiores aos permitidos pelo banco central, com cobranças diárias e “ações intimidatórias” por atrasos.

“Caso sejam detectadas manobras similares, não aceite o empréstimo e alerte à polícia comparecendo à delegacia mais próxima”, indicou a Polícia Nacional no perfil do Ministério do Interior na rede social X, o antigo Twitter.

A advertência chega depois que 18 colombianos e um venezuelano foram acusados no fim de semana dos crimes de agiotagem, associação criminosa e violência privada em Tacuarembó, cerca 400 km ao norte de Montevidéu.

Para três dos acusados foi decretada a prisão preventiva por 120 dias. Para os outros 16 está em vigor a obrigação de fornecer um endereço fixo e a proibição de saída do país. Outras seis pessoas foram alvo de medidas restritivas enquanto a investigação continua, assinalou o Ministério Público uruguaio.

Além disso, os policiais confiscaram veículos, celulares, documentação e 1,7 milhão de pesos uruguaios em espécie (cerca de R$ 225 mil).

Os indiciamentos são resultado da Operação Parce, que, desde fevereiro de 2022, investiga supostas atividades de extorsão de um grupo de colombianos que emprestava dinheiro em espécie a empreendedores e comerciantes com a obrigação de devolvê-lo aos poucos, com taxas de juros de 20% em períodos de 20, 24 e 30 dias.

Os empréstimos iam de 5.000 pesos (665 reais) a 150.000 pesos (20.500 reais), com parcelas diárias de entre 500 pesos (67 reais) e 6.000 pesos (807 reais), dependendo do crédito concedido.

Segundo o MP, se não houvesse o pagamento solicitado, começavam as ameaças, inclusive com armas de fogo, e a violência, chegando até mesmo à subtração de bens como cobrança dos empréstimos e à perseguição dos credores em suas residências particulares.

A promotora Irena Penza, responsável pelo caso, disse que os agiotas normalmente não residiam no Uruguai por muito tempo, e operavam na base da confiança, contando com “alguns comparsas de nacionalidade uruguaia”. Também destacou que suas atividades abrangiam outras regiões dentro e fora do país.

“Não há uma raiz exclusiva em Tacuarembó, mas sim em todos os departamentos do Uruguai, para não mencionar outras regiões e países próximos”, declarou Penza ao Canal 4.

Segundo o texto da acusação, essa rede recrutava pessoas, geralmente de nacionalidade colombiana, que viajam ao Uruguai com a promessa de um trabalho para ajudar suas famílias na Colômbia, “muitas vezes desconhecendo qual era efetivamente o teor da tarefa que iam desenvolver”.

Chegavam “somente com passagem de ida, cujo custo deveria ser reembolsado com trabalho ao recrutador durante o período de um ano”, acrescenta.

De acordo com a investigação policial, muitos dos acusados usavam empresas de eletrodomésticos como fachada para seus negócios.

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