A indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, foi assassinada na tarde de domingo, 21, após um conflito entre indígenas, policiais militares e fazendeiros no território Caramuru, localizado em Potiraguá, na Bahia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do estado, a Polícia Militar prendeu dois suspeitos pelo crime.

Indígenas denunciam assassinato de mulher pataxó em conflito na Bahia

O órgão ainda informou, por meio de nota enviada à ISTOÉ, além de Maria de Fátima, o cacique Naílton Pataxó e um ruralista foram feridos no conflito. O trio foi socorrido e levado ao Hospital de Potiraguá.

A indígena chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. Já o cacique e o ruralista seguem internados.

O conflito foi motivado pelo fato de um grupo com cerca de 50 indígenas terem ocupado uma fazenda em Potiraguá na quinta-feira, 18. O local está fora dos 54 mil hectares demarcados como reserva indígena. Porém os nativos afirmam que estudos antropológicos comprovam que a área é historicamente ocupada pela etnia.

Os indígenas e fazendeiros disputam a região de Potiraguá há mais de 20 anos. O conflito entre eles se intensificou depois da votação do Marco Temporal no STF (Supremo Tribunal Federal).

Após a ocupação, os fazendeiros criaram o grupo chamado “Invasão Zero” com o objetivo de retirar os indígenas da fazenda. Imagens que circulam nas redes sociais mostram um dos feridos no conflito caído no chão. A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) informou que policiais teriam participado da violência contra os nativos. Algo que a SSP-BA nega.

Junto aos dois suspeitos, a polícia apreendeu duas pistolas, dois revólveres, carregadores e munições, que foram encaminhados ao DPT (Departamento de Polícia Técnica ). Já os fazendeiros precisam ser levados à DT (Delegacia Territorial) de Itapetinga.

Repercussão

A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter) que o órgão acompanha o caso, junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento Agrário e a SSP-BA, desde que foi informado sobre o caso.

“É inaceitável o ataque contra o povo Pataxó Hã Hã Hãe que aconteceu neste domingo, na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no sul da Bahia. Cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma”, ressaltou.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) lamentou o ocorrido e comunicou que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) mobilizou as forças de segurança do estado para avançar com as investigações sobre o caso.