O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo começou a ouvir testemunhas sobre uma suspeita de irregularidades na venda de ingressos para os shows do U2, que serão realizados no estádio do Morumbi, em outubro.

A suspeita envolve o ex-gerente do departamento de marketing do São Paulo, Alan Cimerman, demitido por justa causa assim que as irregularidades foram descobertas pelo clube. Ele é acusado de fornecer ingressos dos camarotes do Morumbi para serem comercializados por outra empresa, fazendo com que o dinheiro das vendas não chegasse ao São Paulo. A defesa de Cimerman nega as acusações.

O caso voltou a colocar o ex-gerente no centro de uma polêmica. Em 2015, quando foi contratado no São Paulo, o nome de Alan Cimerman desagradou diversas pessoas de dentro do clube. Isso porque já há alguns meses uma empresa de Cimerman, a Team Spirit, vinha sendo acusada de dar calotes em diversas outras empresas contratadas de forma terceirizada para prestar serviços durante a Copa do Mundo.

Contratada pelo Comitê Organizador Local (COL) da Copa no Brasil, órgão ligado à Fifa, a empresa de Cimerman teria recebido a verba do órgão, mas não repassou às empresas terceirizadas. Os calotes estão na Justiça e algumas empresas continuam tentando reverter o prejuízo até hoje.

Apesar das investigações e do constrangimento apontando por fontes internas no São Paulo, o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, nega uma crise administrativa. Em reunião do Conselho Deliberativo do São Paulo realizada no início da semana, Leco disse que a administração do clube vem sendo impecável.

Um grupo de conselheiros do São Paulo, formado na maior parte por oposicionistas de Leco, vai pedir explicações do clube sobre os impactos financeiros da suposta ação do ex-gerente. “Uma instituição como a nossa não poderia ter contratado uma pessoa com a ficha de Alan Cimerman. Essa contratação caracteriza uma gestão temerária e queremos que todos os fatos sejam esclarecidos junto a sociedade tricolor”, afirma o conselheiro Newton Luiz Ferreira, em nota.