O marroquino Younes Abouyaaqoub, suposto autor do atentado de Barcelona, foi morto nesta segunda-feira (21), anunciaram as autoridades catalães, considerando desarticulada a célula por trás do duplo ataque que deixou 15 mortos e mais de 120 feridos na Espanha.

“Pouco antes das 17h00, a Mossos d’Escuadra abateu Younes Abouyaaqoub, motorista da van e autor material do atentado que na quinta-feira (17) causou a morte de 14 pessoas”, anunciou em coletiva o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont.

Com o seu falecimento, “os 12 alvos iniciais relacionados aos atentados estão mortos ou detidos”, comemorou a polícia catalã no Twitter.

O corpo policial confirmou que o imã marroquino Abdelbaki Es Satty, figura-chave da célula por ter doutrinado os outros integrantes, morreu na noite de quarta-feira (16) na explosão de uma casa onde o grupo preparava atentados de maior proporção.

– Cinturão explosivo falso –

Alvo de uma intensa busca desde quinta-feira, Abouyaaqoub, de 22 anos, morreu na tarde desta segunda-feira a 50 quilômetros a oeste da capital catalã, em uma área de vinhedos pouco povoada, onde foi visto por dois policiais que passavam por uma estação de trem.

Quando foi confrontado, o suspeito “abriu o casaco e parecia usar um cinturão de explosivos, que eram falsos”, relatou o delegado-chefe da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.

Abouyaaqoub gritou “Alá é grande” antes que os agentes “usassem a sua arma” e o matassem, acrescentou.

A polícia enviou um helicóptero para verificar se outras pessoas relacionadas ao suspeito estavam no local, mas Trapero esclareceu que “é bastante factível que ele estivesse sozinho”.

– Epicentro extremista –

Depois de dirigir a toda velocidade a van pela turística avenida de Las Ramblas, em Barcelona, em plena tarde de quinta-feira, atropelando os pedestres, Abayouaaqoub deixou o veículo e percorreu seis quilômetros até o sul de Barcelona.

Lá, esfaqueou um espanhol de 34 anos que estacionava o seu carro e começou a sua fuga passando por um posto de controle policial, explicou Trapero.

Além do ataque em Barcelona, que deixou 14 mortos e 120 feridos, a célula realizou outro em Cambrils, localidade costeira a 120 km ao sul, onde uma mulher morreu e outras seis pessoas ficaram feridas.

Dos 12 integrantes, quatro foram detidos, cinco mortos pela polícia em Cambrils, dois faleceram na explosão de quarta-feira na casa de Alcanar – 200 km ao sul de Barcelona -, e o último do grupo, Abouyaaqoub, foi morto nesta segunda.

Os quatro presos devem ser apresentados na terça-feira em Madri ante um juiz da Audiência Nacional, alto tribunal especializado em casos de terrorismo.

A maior parte dos membros da célula vivia em Ripoll, povoado aos pés dos Pirineus, 100 km ao norte de Barcelona, onde na madrugada desta segunda-feira ocorreram novas operações.

Abdelbaki Es Satty era o imã nesta localidade. O religioso esteve preso na Espanha entre 2010 e 2014 por tráfico de drogas, de acordo com as autoridades catalães. Depois ele morou em Machelen, na periferia de Bruxelas, “entre janeiro e março de 2016”, segundo o prefeito da localidade vizinha de Vilvorde, Hans Bonte.

– “Muçulmanos, não terroristas” –

Em Las Ramblas, centenas de muçulmanos se manifestaram durante a tarde em repúdio ao terrorismo, constatou um fotógrafo da AFP. “Somos muçulmanos, não terroristas”, lia-se em um de seus cartazes.

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, fez um chamado à unidade, em um contexto de divisão entre Madri e Barcelona por conta do desejo do governo catalão de se separar, tendo como objetivo organizar um referendo sobre a independência em 1º de outubro.

“Se queremos ser verdadeiramente eficazes contra o terrorismo, precisamos estar unidos”, escreveu Rajoy em um editorial publicado em jornais espanhóis, antes de reunirem todos os partidos políticos em Madri para mostrar uma condenação unânime ao terrorismo.

Quatro dias após os ataques, as 15 vítimas fatais, sete mulheres e oito homens, já foram identificados: cinco espanhóis, entre eles uma criança de três anos, um hispano-argentino, três italianos, dois portugueses, um belga, um americano, um canadense e um menino australiano-britânico de sete anos.

Continuam hospitalizadas 48 pessoas, das quais oito estão em situação crítica e 12 graves, segundo o último balanço da Proteção Civil na Catalunha.