GLASTONBURY, 30 JUN (ANSA) – A polícia do Reino Unido iniciou nesta segunda-feira (30) uma investigação criminal para apurar declarações ofensivas feitas por artistas durante o Festival de Glastonbury deste ano, após manifestações contra Israel nas apresentações musicais.
A polêmica já havia se instalado no evento antes mesmo de começar devido à inclusão do trio de rap irlandês Kneecap, cujo um dos membros foi recentemente acusado de terrorismo. No último sábado (27), um dos integrantes do grupo vestiu uma camiseta dedicada ao “Palestine Action Group”, que está prestes a ser banido pelas leis antiterrorismo do Reino Unido.
O vocalista Liam O’Hanna, conhecido como Mo Chara, é alvo da justiça por supostamente ter exibido uma bandeira do Hezbollah ? grupo classificado como organização terrorista no Reino Unido – em novembro do ano passado.
Já os gritos contra o Exército israelense foram liderados pelo rapper Bobby Vylan, da dupla Bob Vylan, que subiu ao palco West Holts e pediu a morte para as Forças de Defesa de Israel (FDI).
A performance também foi acompanhada de um telão com a frase: “As Nações Unidas chamaram isso de genocídio. A BBC chama isso de ‘conflito'”, em referência à guerra em Gaza e à forma como o canal público britânico cobre o tema.
Após analisar “imagens de vídeo e áudio, decidimos que mais investigações são necessárias e um inquérito criminal está sendo conduzido”, declarou a polícia do sudoeste da Inglaterra.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, condenou os cânticos de “morte às Forças de Defesa de Israel” e disse que não há “desculpa para esse tipo de discurso de ódio terrível”.
Por sua vez, a emissora pública britânica BBC lamentou o fato de não ter retirado do ar a transmissão ao vivo da apresentação quando as declarações contra Israel foram feitas.
“Em retrospectiva, deveríamos ter retirado a transmissão durante a apresentação. Lamentamos que isso não tenha acontecido”, afirmou o canal.
Segundo a BBC, “milhões de pessoas” assistiram à cobertura do festival, “mas uma apresentação em nossas transmissões ao vivo incluiu comentários profundamente ofensivos”. “A BBC respeita a liberdade de expressão, mas se posiciona firmemente contra a incitação à violência. Os sentimentos antissemitas expressos por Bob Vylan foram totalmente inaceitáveis e não têm lugar em nossas ondas de rádio, acrescentou a nota.
Já o órgão de vigilância da imprensa Ofcom alertou que está “muito preocupado” e que a BBC terá que responder algumas perguntas.
Hoje, a polêmica fez os Estados Unidos revogaram os vistos da dupla de rap britânica Bob Vylan, enfatizando que “estrangeiros que glorificaram a violência e o ódio não são visitantes bem-vindos em nosso país”, segundo o vice-secretário de Estado norte-americano, Christopher Landau. (ANSA).