A Polícia Civil de São Paulo localizou uma fábrica clandestina de onde teriam saído garrafas de bebida alcoólica adulteradas com metanol. O estado registra cinco mortes confirmadas por intoxicação causada pela substância.
O local fica em São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista onde uma pessoa morreu e 49 casos de possível intoxicação são investigados. Segundo os policiais, a suspeita é de compra de etanol adulterado em postos de gasolina para misturar com bebidas destiladas e, assim, obter mais lucro na distribuição.
Na quarta-feira, 8, o Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo confirmou que o metanol encontrado em garrafas foi adicionado, e não gerado na destilação, pois sua concentração é anormal.
A proprietária será presa em flagrante pelo crime de adulteração de bebidas, com pena prevista de quatro a oito anos de reclusão. Um projeto de lei é discutido na Câmara dos Deputados para enquadrar o delito na lei dos crimes hediondos, excluindo a possibilidade de pagamento de fiança e concessão de indulto ou anistia a seus autores.
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Combate ao metanol
Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) explicou que a força-tarefa aberta em reação à crise do metanol usa a fiscalização da Vigilância Sanitária em bares e restaurantes supostos de comercializar bebidas adulteradas para cruzar as notas fiscais, verificar a origem dos produtos e, assim, encaminhar policiais civis às distribuidoras e fabricantes. Na capital paulista, duas vítimas fatais haviam consumido em um mesmo estabelecimento, no bairro da Mooca, zona leste da cidade.
Até esta sexta, São Paulo tinha 45 pessoas presas, 18,9 mil garrafas apreendidas e 13 estabelecimentos interditados por suspeitas relativas ao metanol. No estado, além dos cinco óbitos confirmados, há outros seis em investigação; ao todo, são 148 casos em investigação e 23 confirmados de ingestão da substância.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 24 casos confirmados e um total de 259 notificados de intoxicação por metanol. A pasta já começou a distribuir unidades de Fomepizol, antídoto usado no tratamento de pacientes intoxicados, para os estados afetados.
O que recomendam os especialistas
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Em entrevista à IstoÉ, o ex-Secretário Nacional do Consumidor e ex-Presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Arthur Rollo, afirmou que “todo tipo de estabelecimento oferece um risco” na aquisição de bebidas alcoólicas durante a crise do metanol.
“O consumidor não tem qualificação para identificar se os lacres ou selos de conformidade estão adulterados. Enquanto isso não estiver devidamente verificado, os consumidores não estão seguros, seja para comprar em um supermercado, adega, bar ou restaurante”, disse.
O gerente médico do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, Luis Penna, recomendou a interrupção no consumo de destilados também para evitar o aumento no número de atendimentos hospitalares e internações. Segundo o médico, a agilidade na identificação e tratamento é fundamental para tratar a intoxicação.
Os órgãos de vigilância sanitária recomendam a bares, empresas e demais estabelecimentos que comercializam bebidas que redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos. Aos consumidores, a orientação é para não adquirir substâncias sem rótulo, lacre de segurança e selo fiscal.