A polícia francesa desmontou nesta terça-feira (29) um acampamento com 700 a 800 migrantes na cidade portuária de Calais, no norte do país, na maior operação deste tipo desde 2016.

Calais continua atraindo migrantes, a maioria da África e Oriente Médio, que se instalam em acampamentos improvisados ao longo da costa, onde esperam para atravessar o Canal da Mancha e chegar no Reino Unido.

“Queremos evitar um novo ponto de concentração em Calais”, disse Louis Le Franc, funcionário do governo do departamento Pas-de-Calais.

Segundo Le Franc, este é o maior desmantelamento de um acampamento de Calais desde o acampamento conhecido como “A Selva”, onde até 9.000 migrantes viveram entre 2015 e 2016.

“Esta é, principalmente, uma operação para dar um abrigo seguro às pessoas. Os migrantes vivem nesta área florestal em condições extremamente difíceis”, disse Le Franc.

“Era importante retirar os migrantes antes do período de inverno”, acrescentou.

Quase 150 migrantes serão levados para centros de acolhida em Pas-de-Calais, outros 150 para departamentos do norte da França e os 500 restantes para outras regiões do país.

A maioria dos migrantes são homens, principalmente da Somália, Sudão, Irã, Iraque e Eritreia.

O norte da França foi, durante muito tempo, um ímã para as pessoas que tentam chegar ilegalmente no Reino Unido em pequenas embarcações ou em uma das dezenas de milhares de caminhões e carros que viajam diariamente entre os países em balsas e trens.

As autoridades francesas prometeram evitar que o ocorrido com “A Selva” se repita, mas os acampamentos continuam surgindo à medida em que os migrantes fogem da guerra e da pobreza em seus países de origem para buscar uma vida melhor na Europa.

Os grupos de direitos humanos criticam as táticas da polícia, que incluem o confisco das barracas e outros pertences dos imigrantes.

As associações de direitos humanos criticaram também a operação. Maya Konforti, da associação Auberge des Migrants (Albergue de Migrantes), disse que os migrantes retirados do acampamento voltariam “em poucos dias”.

“Os migrantes sabem que poucos deles qualificam para o asilo na França e acreditam que a ‘Inglaterra é sua última oportunidade'”, então continuarão tentando chegar lá a qualquer custo, apontou Konforti.

O governo estima que cerca de 1.000 imigrantes vivem atualmente nos arredores de Calais, enquanto os grupos de apoio afirmam que o número se aproxima de 1.500.