Os escritórios da Uefa foram alvos de uma ação policial nesta quarta-feira na Suíça, em operação relacionada às investigações sobre a venda dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões no Equador. Os policiais cumpriam mandado da Justiça suíça, que investiga os documentos contidos no chamado Panamá Papers.

A Uefa e a sua empresa de marketing, a TEAM Marketing, com sede em Lucerna, na Suíça, firmaram em 2006 um contrato de 1,1 milhões de dólares com a Cross Trading pelos direitos de transmissão da Liga dos Campeões para o Equador por três anos.

Esse contrato, assinado inclusive pelo agora presidente da Fifa, Gianni Infantino, então secretário de assuntos legais da Uefa, foi encontrado junto a outros documentos dos chamados Panamá Papers – exposição de uma série de documentos internos da empresa panamenha Mossack Fonseca, cuja especialidade era fabricar “offshores”, ou seja, abrir empresas em paraísos fiscais.

Em nota, a Uefa disse que “recebeu uma visita da polícia com uma ordem de busca, pedindo para ver os contratos da Uefa com a Cross Trading e a Teleamazonas (canal equatoriano que passa os jogos da Liga)”. “Naturalmente, a Uefa está entregando à polícia federal todos os documentos relevantes em nosso poder e cooperamos totalmente”, continua o comunicado.

A Cross Trading é mencionada na investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre subornos e lavagem de dinheiro no futebol internacional. A empresa é subsidiária da Full Play, dos empresários argentinos Hugo e Mariano Jinkis, presos em maio do ano passado.

Quando estourou o escândalo de corrupção na Fifa, na Conmebol e na Concacaf, a Uefa afirmou que não tinha relações comerciais com as pessoas acusadas nos Estados Unidos. Quando os Panamá Papers foram divulgados, a entidade admitiu que sua resposta da época havia sido “incorreta e incompleta”, pedindo “desculpas pelo erro”.

A Cross Trading teve lucro de cerca de 200 mil dólares ao comprar os direitos de transmissão da Liga dos Campeões junto à Uefa e revendê-los ao canal Teleamazonas. Não há indícios, entretanto, de que foi pago suborno no negócio.

É isso que alega o presidente da Fifa, Infantino, que afirmou nesta quarta-feira que “não há indício algum de irregularidades por parte da Uefa ou minha neste assunto”. Já a TEAM Marketing justificou que o acordo com a Cross Trading foi produto de um “processo justo e aberto”, lembrando que, há uma década, não se sabia nada que desabonasse a Cross Trading.