A polícia e os reservistas do Exército do estado americano do Maine poderiam ter evitado o pior massacre do país em 2023, que deixou 18 mortos, concluiu nesta terça-feira (20) uma comissão de investigação independente.

Armado com um fuzil semiautomático, o reservista do Exército Robert Card abriu fogo em 25 de outubro passado em uma pista de boliche de Lewiston e, minutos depois, em um bar-restaurante nesta cidade de 36 mil habitantes. Nos dois ataques, ele matou 18 pessoas e feriu 13.

“A comissão concluiu de maneira unânime que, em várias ocasiões, poderia ter sido mudado o curso dos trágicos acontecimentos” de outubro do ano passado, declarou à imprensa o ex-presidente da Suprema Corte do Maine, Daniel Wathen, diretor da comissão composta por sete membros cujo relatório foi publicado nesta terça-feira pelo jornal Boston Globe.

O assassino, que se suicidou após os massacres, sofria de desequilíbrios mentais significativos que levaram um de seus colegas a temer que, algum dia, ele poderia “perder o controle” e cometer uma “matança em massa”, segundo os primeiros testemunhos revelados no final de outubro pelo jornal de Boston.

Robert Card era paranoico, “ouvia vozes” e havia acumulado cerca de quinze fuzis na casa de seu irmão, disse sua ex-esposa às autoridades.

O relatório da comissão Wathen aponta para o escritório do xerife local por não tê-lo detido preventivamente nem confiscado suas armas.

Quanto ao corpo de reservistas do Exército, “falhou em seu dever de adotar as medidas necessárias para reduzir a ameaça que ele representava”. Em particular, devido às suas “alucinações, seu comportamento cada vez mais agressivo, sua coleção de armas de fogo e seus comentários inequívocos sobre suas intenções”.

Na pista de boliche, sete pessoas perderam a vida, e oito no restaurante. Três feridos morreram no hospital. As vítimas tinham entre 14 e 76 anos.

A polícia recuperou três armas, duas perto do corpo sem vida de Robert Card e uma em seu veículo, estacionado nas proximidades. Todas elas haviam sido adquiridas legalmente, já que ele nunca havia sido hospitalizado por problemas mentais.

cl-nr/af/dga/am/mvv