As forças antidistúrbios sudanesas dispararam gás lacrimogêneo nesta sexta-feira para dispersar os manifestantes que protestavam contra o governo nas ruas da capital Cartum e na cidade de Omdourman.

“Liberdade, paz, justiça”, gritavam manifestantes em duas áreas de Cartum e Omdurman, na margem ocidental do Nilo, enquanto a polícia dispersava o gás lacrimogêneo, segundo testemunhas.

Os organizadores das manifestações registradas no Sudão desde 19 de dezembro convocaram novos protestos contra o governo na sexta e na próxima semana, pressionando o regime do presidente Omar al-Bashir.

“Vamos lançar uma semana de revoltas com manifestações em todas as cidades e aldeias”, afirmou a Associação de Profissionais do Sudão, que inclui médicos, professores e engenheiros.

Em sua convocação transmitida pelas redes sociais, a associação pediu um grande comício no domingo no norte de Cartum e vários eventos em toda a capital na próxima semana.

Na véspera, três pessoas morreram em uma manifestação, elevando para 22 o número de mortos neste movimento de protestos no Sudão.

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Enquanto o governo fala de 19 mortos, a ONG Human Rights Watch informou um balanço de 40 mortos, incluindo crianças, citando fontes médicas e ativistas.

O movimento de revolta de parte da população começou em 19 de dezembro, após a decisão do governo de triplicar o preço do pão, em um país que está em forte recessão econômica.

No entanto, os protestos rapidamente se transformaram em um movimento contra o presidente Omar Al Bashir, que chegou ao poder com um golpe em 1989.

O presidente Bashir e outros líderes políticos atribuem a violência das últimas semanas a “agitadores” e “conspiradores”.

Mais de 800 manifestantes foram detidos desde o início da contestação, segundo as autoridades, que também incluem líderes da oposição, ativistas e jornalistas.

Os protestos estavam concentrados em torno do preço do pão, que passou de meados de dezembro de uma libra sudanesa (um centavo de euro) para três, quando o Sudão vive uma recessão econômica que piora as condições de vida da população.

Em 2018, o país experimentou crescentes dificuldades econômicas com uma inflação de quase 70% e uma queda na libra sudanesa frente ao dólar americano.

Em uma declaração conjunta, Reino Unido, Noruega, Estados Unidos e Canadá pediram no início da semana às autoridades sudanesas para investigar as mortes dos manifestantes, dizendo-se “horrorizados” pelo “uso de munição real contra os manifestantes.”


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