A polícia de Hong Kong informou, nesta sexta-feira (30), a detenção de um homem depois que espectadores vaiaram o hino chinês e entoaram palavras de ordem a favor de Hong Kong, enquanto assistiam aos Jogos Olímpicos de Tóquio em uma tela gigante em um shopping no início da semana.

“Quando tocou o hino nacional no shopping, teve gente que ergueu aberta e deliberadamente a bandeira colonial de Hong Kong e até encorajou outras pessoas a vaiarem, gritarem slogans e insultarem o hino”, disse uma porta-voz da polícia à imprensa.

Um homem de 40 anos foi detido, segundo a polícia, que afirmou que está investigando se os espectadores violaram a lei durante a transmissão no shopping.

Essas ações foram uma “incitação ao ódio e uma politização do esporte”, acrescentou a porta-voz.

Hong Kong tem seu melhor desempenho em Jogos Olímpicos com a conquista da medalha de ouro na esgrima por Edgar Cheung, e as duas pratas, na natação de Siobhan Haughey.

O sucesso esportivo coincide, porém, com tempos difíceis para a ex-colônia britânica que foi reintegrada à China em 1997. A potência asiática colocou em prática uma violenta repressão aos dissidentes políticos em resposta às gigantescas e muitas vezes violentas manifestações pró-democracia de dois anos atrás.

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Centenas de torcedores se reuniram em um shopping na noite de segunda-feira para assistir à vitória de Cheung.

Na cerimônia da medalha, alguns torcedores vaiaram o hino nacional chinês e gritaram “Somos Hong Kong”, o que foi transmitido pela televisão.

“Somos Hong Kong” é uma canção comumente cantada pelos torcedores de futebol de Hong Kong. Muitos deles se identificam com a cultura cantonesa, em oposição ao mandarim falado na China continental.

As autoridades de Hong Kong promulgaram novas leis no ano passado, proibindo qualquer insulto ao hino nacional e à bandeira chinesa, justificando-as com a atitude dos torcedores de futebol de Hong Kong.

Hong Kong foi devolvida por Londres a Pequim em 1997 no marco de um acordo que pretendia garantir por 50 anos no território liberdades desconhecidas no restante da China.

Graças a essa semiautonomia, a cidade foi durante muito tempo um símbolo da liberdade de expressão, ao contrário do restante do país.

Devido às crescentes interferências da China, as manifestações pela democracia se multiplicaram nos últimos anos, com destaque para a “Revolução do Guarda-chuva”, em 2014, e os meses de mobilização nas ruas, em 2019.

Desde então, a China empreendeu uma repressão implacável, com centenas de detenções, e impôs no ano passado uma lei sobre a segurança nacional. Na prática, esta legislação criminaliza qualquer tipo de oposição dentro de Hong Kong.

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