A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, após ser abordado por blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no município de Umbaúba, litoral Sul de Sergipe, mostra como a polícia de Bolsonaro vem atuando com um padrão de pena de morte particular, com tortura vil e violência cada vez maior, incentivada pelo presidente.

Depois de ser abordado pelos policiais na BR-101, por agentes da PRF, por conduzir uma motocicleta e não utilizar capacete, Genivaldo foi submetido a ação truculenta dos agentes, o imobilizaram amarrando-lhe seus pés e o colocara-no dentro do porta-malas da viatura como se fosse um animal. Pior, em seguida jogaram gás lacrimogêneo no interior do veículo, formando uma espécie de “câmara de gás”. Um horror. E não vimos Bolsonaro condenar a ação.

A ação foi testemunhada por diversas testemunhas, inclusive pelo sobrinho de Genivaldo, Wallyson de Jesus, que ao perceber que o tio havia sido abordado informou de imediato aos policias de que Genivaldo sofria de esquizofrenia. Toda a ação foi gravada por pessoas que assistiam a operação da PRF inconsolados. “A gente pediu para pegar leve, que ele ia atender o que eles pedissem. Mas o policial chamou reforço no microfone, e chegaram mais dois policiais em seguida.”

Segundo relato de Wallyson, os Agentes da Policia Rodoviária Federal haviam encontrado uma cartela de remédio controlado no bolso do tio. Em vídeo que circula nas redes sociais, Genivaldo é visto dentro da viatura com os pés para fora do porta-malas, se debatendo enquanto dois policiais pressionam a porta. No vídeo é possível ouvir os seus gritos de desespero e agonia. Algum tempo depois, quando os policiais abrem a porta, Genivaldo já se encontra inconsciente.

“Pegaram a granada, jogaram por baixo do porta-malas e explodiu a granada lá dentro. Os populares ao redor, ninguém aguentou com aquilo ali e saiu todo mundo de perto. Quando ele desmaiou, jogaram os pés dele para dentro e fecharam a porta da mala com ele lá dentro”, declarou Wallyson de Jesus.

Segundo comunicado da PRF, Genivaldo “foi conduzido á Delegacia de Polícia Civil. No entanto, durante o deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito”.

De acordo com laudo do IML ( Instituto Médico Legal), a causa da morte foi,”insuficiência aguda secundária a asfixia”. Ele deixa a esposa e um filho de oito anos. Também em nota a PRF informou, que foi aberto um inquérito para investigar as circunstâncias que levaram ao óbito de Genivaldo e de que “diligências foram iniciadas para esclarecer o ocorrido o mais breve possível”. Os agentes que participaram da ação, foram afastados da função. A PF (Polícia Federal) de Sergipe, também instaurou um inquérito para averiguar as circunstâncias da morte de Genivaldo.

A forma que a morte de Genivaldo ocorreu revoltou a população de Umbaúba, que realizou protestos na manhã de quinta-feira, 26, pedindo justiça por sua morte. Nos protestos, moradores exibiam cartazes afirmando que “esse crime não pode ficar impune.” O enterro de Genivaldo, foi acompanhado por centenas de pessoas, que gritaram por “justiça” e usaram a chance para denunciarem excessos policiais e para pedirem para que ocorra mudanças políticas no estado.

Ontem, o ministro da Justiça, Anderson Torres, se manifestou sobre o caso, através de seu Twitter: “Determinei a abertura da investigação pela Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal sobre a abordagem policial de ontem, em Sergipe. Nosso objetivo é esclarecer o episódio com a brevidade que o caso requer”, declarou.

De acordo com a nota técnica divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública “a morte de Genivaldo Jesus Santos chocou a sociedade brasileira pelo nível de sua brutalidade, expondo o despreparo da instituição em garantir que seus agentes obedeçam a procedimentos básicos de abordagem que orientam os trabalhos das forças de segurança no Brasil”.

A esposa de Genivaldo, Maria Fabiana dos Santos, condenou a brutalidade que os policiais agiram. “Eu não chamo nem de fatalidade, isso foi um crime mesmo. Eles agiram com crueldade para matar, porque eu vivo com ele há 17 anos,ele tinha há 20 anos o problema dele, nunca agrediu ninguém, nunca fez nada de errado, sempre fazendo as coisas pelo certo, e em um momento desses pegaram ele e fizeram o que fizeram” Disse Maria em entrevista á TV Sergipe.

Os Agentes da PRF claramente se utilizaram de força excessiva, com o Genivaldo, o abordando de forma brutal e cruel não respeitando seus direitos como cidadão. Desta forma, exemplificando o despreparo que a Polícia Rodoviária Federal , tem em lidar com situações básicas de abordagem e na utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo como o gás lacrimogêneo e spray de pimenta que foram utilizados de maneira incorreta e excessiva, ocasionando na morte de um homem, em uma simples abordagem rodoviária, algo que deveria ser de costume rotineiro aos agentes.

Demonstrando assim, que o exercício da profissão desses agentes despreparados que não, somente são ineficientes a simples ações atribuídas a sua profissão como também colocam a integridade física da população em risco. Abusando de sua posição de poder, de forma cruel e brutal. As ações desses Policiais da PRF, devem ter as consequências punitivas cabíveis aos seus atos.