A Polícia Civil de Minas Gerais informou nesta quinta-feira, 26, ter concluído o inquérito que investigava a morte de Nilton Carlos Araújo, de 69 anos, que veio a óbito em 23 de agosto após receber quatro doses de quimioterapia de uma vez em uma unidade de saúde do bairro Gutierrez, na zona oeste de Belo Horizonte (MG). De acordo com as autoridades, um enfermeiro e uma médica foram indiciados por homicídio por dolo eventual.
Segundo a Polícia Civil, o profissional responsável por aplicar o remédio no paciente ignorou identificações individuais das seringas, que estavam destinadas a outras pessoas da unidade de saúde. Conforme as investigações, Nilton recebeu quatro doses da quimioterapia, totalizando 8,78 mg do medicamento, mais do que os 2,29 mg prescritos.
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Ao “Bom Dia Minas”, da “TV Globo”, familiares relataram dias após a morte de Nilton que o idoso lutava contra um câncer na medula óssea desde março e que, apesar da enfermidade, tinha bom estado de saúde e apresentava sinais de evolução.
De acordo com familiares, o câncer foi descoberto após o idoso cair e fraturar a coluna. Após investigação acerca da lesão, foi determinada a presença de um tumor e se iniciou um tratamento. Parentes explicaram que Nilton deveria receber uma dose de quimioterapia por semana.
A filha do homem, Carolina Araújo, relatou que, na segunda-feira, 19 de agosto, ela estranhou quando o enfermeiro preparou quatro ampolas e chegou a questioná-lo sobre o procedimento. O homem teria dito que tudo “estava certo” e aplicou os medicamentos. “É uma mistura de raiva com ódio e indignação”, comentou a mulher sobre o sentimento da perda.
Após receber as quatro doses, Nilton voltou para casa e começou a vomitar. Com isso, a filha o encaminhou novamente à unidade de saúde, onde foi aplicado soro no paciente e ele foi liberado.
No dia seguinte, o idoso apresentou os mesmos sintomas e de novo foi ao hospital, recebendo a mesma medicação. A unidade de saúde declarou que não havia qualquer relação entre o estado de saúde de Nilton e as doses aplicadas na quimioterapia.
Posteriormente, o paciente piorou e, desnorteado e sem conseguir ficar em pé, foi sedado e colocado em coma induzido. Nilton chegou a ser transferido para outra unidade de saúde, mas morreu na sexta-feira, 23 de agosto. O idoso tinha uma cirurgia marcada para fazer um transplante antes de falecer.
De acordo com a Polícia Civil, o enfermeiro responsável pela aplicação do medicamento não registrou o incidente no prontuário médico, o que impediu a adoção de medidas corretas no atendimento a Nilton pelos plantonistas, e a médica responsável pelo tratamento foi informada sobre a situação, mas optou por não tomar providências.
O hospital MedSenior, onde Nílton realizava o atendimento, lamentou o ocorrido e comentou o caso em nota enviada à reportagem de IstoÉ.
“A MedSênior informa que afastou definitivamente os funcionários envolvidos na investigação. A empresa confia no Poder Judiciário e está à disposição para colaborar com as autoridades.”