PARIS, 21 ABR (ANSA) – A Polícia da França encontrou textos exaltando o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no carro que pertencia a Karim Cheurfi, tido como autor do ataque que deixou uma pessoa morta na avenida Champs-Élysées, em Paris, na noite da última quinta-feira (20).   

O veículo, um Audi 80, continha manuscritos com os endereços da Direção Geral de Segurança Interna (DGSI), da delegacia de Lagny e de três quartéis, além de um fuzil, diversas facas e um exemplar do Corão.   

Morto pelas forças de segurança, Cheurfi era francês, tinha 39 anos e já estava no radar das autoridades por risco de radicalização. Em fevereiro passado, segundo a agência “Associated Press”, o agressor chegou a ser detido sob acusação de ameaçar policiais, mas acabou solto por falta de provas.   

Em 2005, ele já havia sido condenado a 15 anos de prisão por três tentativas de homicídio, sendo duas contra agentes da Polícia. No entanto, Cheurfi tinha conquistado o direito de cumprir a pena em casa, desde que fizesse tratamento psiquiátrico.   

Na manhã desta sexta-feira (21), três familiares do agressor foram detidos, e a residência de sua mãe, em Chelles, a 30 km do centro de Paris, foi alvo de uma operação de busca e apreensão durante a madrugada. Cheurfi também vivia no apartamento.   

Além disso, a Polícia ainda investiga se o francês teve ajuda de algum cúmplice para cometer o atentado. Um belga que havia sido dado como suspeito pelas autoridades de Bruxelas se apresentou espontaneamente em uma delegacia de Antuérpia e negou participação no crime.   

O ataque na Champs-Élysées foi rapidamente reivindicado pelo Estado Islâmico, que identificou o terrorista como Abu Yusuf al Beljiki, apelidado de “O Belga”, embora tenha nascido na França.   

Apesar das discrepâncias de nome e nacionalidade, a quase imediata reivindicação do EI indica familiaridade do grupo com os planos do atentado.   

A avenida, considerada a mais célebre de Paris, só foi reaberta ao tráfego de automóveis na manhã desta sexta. Esse foi o quinto ataque jihadista em solo francês em pouco mais de dois anos, após os massacres na redação do jornal “Charlie Hebdo”, em janeiro de 2015; em bares e restaurantes de Paris, na casa de shows Bataclan e no Stade de France, em novembro do mesmo ano; em Nice, em julho de 2016; e em uma igreja nos arredores de Rouen, no mesmo mês.   

Nos últimos dias, a Polícia já havia prendido dois suspeitos de planejarem ações terroristas durante as eleições presidenciais na França, cujo primeiro turno será realizado no próximo domingo (23). A disputa está bastante acirrada, com quatro candidatos separados por menos de 10 pontos, e qualquer fato novo pode ser determinante, principalmente para a candidata ultranacionalista Marine Le Pen. (ANSA)