A ministra francesa dos Direitos da Mulheres, Laurence Rossignol, qualificou nesta sexta-feira de “surpreendente e chocante” que o cineasta Roman Polanski, acusado de estupro nos Estados Unidos, presida a entrega dos prêmios César do cinema, em fevereiro.
“É uma eleição que demonstra, de parte dos que decidiram nomear o presidente dos César, uma indiferença sobre fatos reprováveis”, declarou a ministra.
O diretor de “Tess, uma lição de vida”, o “Pianista” e “Chinatown” é acusado pela justiça dos EUA de estuprar uma menor em 1977.
Uma associação feminista já convocou uma manifestação para o dia da cerimônia – 24 de fevereiro – dos César em Paris para protestar contra a presidência de Polanski.
A designação de Polanski é um gesto “indigno diante das numerosas vítimas de estupros e agressões sexuais”, avaliou a associação Osez le Féminisme, que já recolheu 25 mil assinaturas para forçar a “destituição” do presidente dos César.
A ex-ministra da Cultura Aurelie Filippetti opinou na véspera que a escolha revela a “liberdade absoluta da Academia”, e defendeu que se “deixe Polanski presidir esta cerimônia”. “Isto foi algo que ocorreu há 40 anos”.
A Academia de Artes e Técnicas do Cinema, que organiza os César, não reagiu à polêmica.
Polanski, hoje com 83 anos, foi acusado na Califórnia em 1977 de estuprar uma adolescente de 13 anos. O cineasta se declarou culpado de “relações sexuais ilegais” com uma menor, mas fugiu dos Estados Unidos antes do veredicto.
Polanski vive atualmente na França com sua mulher, a atriz Emmanuelle Seigner.