Para a decisão da Fifa de banir o presidente afastado da CBF, Marco Polo Del Nero, de qualquer atividade relacionada ao futebol por toda sua vida, pesou o poder de influência e decisão do ex-dirigente na gestão de José Maria Marin, que comandou o futebol brasileiro de 2012 a 2015 até ser preso em Zurique, na Suíça. Hoje, Marin está detido em Nova York, condenado por seis crimes de corrupção no futebol.

Del Nero era vice-presidente da CBF, mas os advogados de Marin informaram ao Tribunal Federal do Brooklyn, onde o ex-cartola foi julgado, que era ele quem de fato mandava na entidade. Charles Stillman, advogado de Marin, chegou a dizer ao júri: “Marco Polo era quem mandava no show no futebol brasileiro. Os discursos pertenciam a Marin, mas as decisões eram de Del Nero. Ele era visto como quem mandava na CBF.”

Os advogados de Marin lembraram também de planilhas secretas com informações sobre o pagamento de propinas nas quais constava a sigla “MP”, em uma referência a Marco Polo. Del Nero é acusado de receber US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 21 milhões) em subornos.

Mesmo como vice-presidente da gestão de Marin na CBF, Del Nero levou diretores da sua administração na Federação Paulista de Futebol (FPF) e vários funcionários para fazerem parte do comando da entidade. Alguns dos responsáveis por cuidar do dinheiro da CBF durante a gestão de Marin eram funcionários da confiança de Del Nero na FPF: Rogério Caboclo (então diretor financeiro e agora presidente eleito da entidade) e Gilnei Botrel (tesoureiro). Del Nero também levou à CBF o diretor de marketing Gilberto Ratto, que trabalhava com uma ex-patrocinadora da FPF.

Na CPI do Futebol, no Senado, em 2015, Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF de janeiro a novembro de 2012 e atual presidente do Corinthians, afirmou que a “estrutura era montada pelo Del Nero”. Ainda segundo o dirigente, “quase todos os funcionários em cargos especiais eram de São Paulo, da Federação Paulista de Futebol”.