O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve cerca de R$ 9 milhões do Orçamento de 2024 retidos no último bloqueio anunciado pelo governo federal. Segundo o presidente do instituto, Marcio Pochmann, o corte corresponde a cerca de 25% dos R$ 36 milhões bloqueados do Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é subordinado.

A preocupação é que falte recursos para iniciar pesquisas importantes, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), mas também comprometa o custeio de despesas como o pagamento de alugueis de instalações do instituto fora da capital fluminense, por exemplo.

“Não tem um efeito imediato porque a gente trabalha com anualidade, e essas pesquisas estão para serem realizadas no segundo semestre. Mas a nossa preocupação é que a gente precisa ter a certeza de que esses recursos que nós tínhamos reservado possam ser de fato utilizados. Essa é uma das nossas negociações em Brasília, garantir recursos, e ao mesmo tempo que libere recursos orçamentários que foram estabelecidos, porque isso está comprometendo também a nossa capacidade de financiamento em custeio. Temos problemas para pagamento de aluguel, por exemplo, de algumas sedes que temos fora do Rio de Janeiro”, disse Pochmann a jornalistas durante evento de divulgação de um estudo do IBGE, no Rio de Janeiro.

Pochmann lembrou que o plano de trabalho do IBGE prevê iniciar ainda neste ano os preparativos para levar a campo o Censo Agropecuário, uma contagem de população em situação de rua e um levantamento de brasileiros vivendo no exterior.

“A casa tem condições de fazer tecnicamente, mas nos falta o recurso suficiente para isso”, afirmou Pochmann.

O presidente disse que o instituto reservou o valor inicial necessário às pesquisas dentro do orçamento previsto inicialmente para este ano. Segundo ele, as tentativas de recomposição orçamentária do IBGE têm motivado visitas com “certa constância” a Brasília, onde busca destacar a importância da liberação dos recursos retidos do instituto. Pochmann disse que voltará a conversar com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, sobre a situação financeira e orçamentária do órgão, mas esclareceu que ela tem sido “muito atenciosa” e que já está ciente dos problemas financeiros provocados pelos cortes.

“Inclusive nós vamos fazer amanhã (quarta-feira, 10), em Brasília, uma conversação com alguns ministérios. O IBGE foi afetado por alguns bloqueios anunciados, nós tivemos um corte orçamentário”, corroborou.