A taxa de pobreza em Mianmar praticamente duplicou entre 2017 e 2023, e afeta agora quase metade da população, alertou nesta quinta-feira (11) um relatório o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Os dados destacam a erosão de uma classe média que já foi o motor de crescimento do país.

De acordo com este novo relatório, no final de 2023, quase metade (49,7%) dos 55 milhões de habitantes do país viviam abaixo do limite da pobreza, com 0,75 dólar por dia (menos de 4 reais).

Em 2017, esse número era de 24,8%. “A situação provavelmente se deteriorou ainda mais” nos últimos meses, com 25% da população “pendurada por um fio logo acima desta linha da pobreza”, diz o relatório.

Desde o final do ano passado, a intensificação dos combates entre o exército e grupos étnicos minoritários forçou muitas pessoas a fugirem de suas casas.

Mianmar não conseguiu se recuperar da queda de 17,9% do PIB em 2021 devido à pandemia de covid-19 e ao golpe militar de fevereiro do mesmo ano, destaca o PNUD.

“A classe média, que pode absorver os choques e ajudar o país a se recuperar mais rápido, está entrando em colapso rapidamente, voltando a cair na pobreza”, alerta.

Apenas menos de 25% da população birmanesa “consegue garantir uma renda estável para viver acima do limite da pobreza”, alertou o chefe do PNUD, Achim Steiner, em comunicado.

O PNUD estima que seriam necessários 4 bilhões de dólares (20,2 bilhões de reais) por ano para combater de forma eficaz este aumento da pobreza.

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