Policiais militares responsáveis pela segurança do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo na sexta-feira, 8, relataram que um dos carros utilizados para buscá-lo apresentou problemas de ignição.

+ Polícia suspeita de atitudes dos seguranças que faziam escolta de empresário executado no Aeroporto de Guarulhos

Segundo o “g1”, outro veículo teve de deixar um dos agentes em um posto de gasolina para acomodar o empresário e sua namorada, que retornavam de Maceió. De acordo com os policiais, o incidente fez com que eles só chegassem ao local após o crime.

Ameaçado de morte pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) após denunciar crimes ao Ministério Público, Gritzbach contratou quatro PMs para sua segurança: Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima. Todos estão sendo investigados pelo DHPP e foram afastados de suas funções no sábado, 9.

No local do crime, a perícia recolheu o celular de Gritzbach, que vai passar por análise para ajudar nas apurações do caso a partir das trocas de mensagens que devem ser extraídas e identificadas.

Também há suspeita de que o empresário vinha sendo monitorado desde a saída de Goiás, pois os executores sabiam exatamente o horário que ele iria desembarcar.

Quem era o empresário

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Anos atrás, ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, que movimentava milhões de reais comprando e vendendo drogas e armas ao PCC.

Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime organizado em imóveis, mas não podia realizar compras em seu nome, para não chamar a atenção das autoridades. Então Gritzbach passou a providenciar os “laranjas” e conseguia imóveis de alto padrão.

Há cinco anos, ele ofereceu o negócio de investimento em criptomoedas e passou a ser acusado de ter dado um desfalque de R$ 100 milhões nas finanças da facção. Então ele resolveu apresentar sua versão sobre os negócios do crime organizado no futebol ao assinar um acordo de delação premiada com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado). A delação foi proposta pela defesa em setembro de 2023. O Gaeco concordou com a delação e o acordo homologado pela Justiça em abril de 2024.

No acordo de delação, Gritzbach entregou documentos sobre quatro empreendimentos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo no bairro do Tatuapé, alvo de investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) sob a suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas do PCC na região.

De acordo com a delação, executivos da Porte receberam pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto. Além disso, são suspeitos de pagar propinas milionárias a policiais civis.