O policial Vinicius de Lima Britto – responsável por matar Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, com mais de dez tiros após o jovem tentar fugir de uma loja por furtar pacotes de sabão, no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo (SP), em 3 de novembro – foi reprovado no exame psicológico da Polícia Militar do estado em 2021.

De acordo com a avaliação da corporação, Britto apresentou problemas de relacionamento interpessoal, capacidade de liderança e descontrole emocional. Segundo o exame psicológico da Polícia Militar, o agente demonstrou aspectos de impulsividade. As informações são do “Conexão GloboNews”, da “GloboNews”.

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Conforme edital da Polícia Militar, o concurso para o cargo de Soldado PM de 2ª Classe envolve exames de caráter eliminatório de conhecimento, saúde, aptidão física, psicológico e avaliação da conduta social, da reputação e da idoneidade do candidato. A etapa que identifica as questões mentais do indivíduo é realizada por uma banca examinadora de profissionais registrados no Conselho Federal de Psicologia.

Apesar de ter sido reprovado no exame em 2021, Britto conseguiu se tornar policial ao refazer a prova no ano seguinte. O site IstoÉ tentou contato com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) para entender como foi a aprovação do PM em 2022, mas não recebeu resposta até o momento. O texto será atualizado caso retorno seja obtido.

Relembre a morte de Gabriel Renan

O caso aconteceu no último dia 3 de novembro, mas só agora vieram à tona imagens de câmeras de segurança que ajudam a entender o que ocorreu naquela noite. Gabriel Renan da Silva Soares foi alvejado ao tentar fugir depois de furtar pacotes de sabão e escorregar na porta do estabelecimento.

As imagens de câmeras de segurança mostram que Gabriel entra no mercado por volta de 22h45 de blusa vermelha e pega ao menos quatro pacotes de sabão. Ele então se dirige para a porta, mas, ao tentar sair correndo com a mercadoria, escorrega em um pedaço de papelão colocado por ali por conta das chuvas que atingiram a cidade naquele dia.

Enquanto estava pagando uma compra no caixa, Vinicius percebe a movimentação estranha e saca uma arma de fogo da cintura logo após Gabriel cair no chão. O policial militar, então, efetua vários disparos quando a vítima já está na área do estacionamento do mercado. Um motociclista de jaqueta preta se apressa para correr para longe dos disparos.

Conforme o boletim de ocorrência, o policial militar afirmou que Gabriel teria colocado a mão dentro da blusa, “como se estivesse armado”, e chegou a dizer explicitamente que estava com uma arma de fogo. O agente afirma que isso o teria obrigado a efetuar os disparos. Segundo informações preliminares, foram ao menos 11 tiros em poucos segundos.

Um funcionário do mercado corroborou com o relato do agente e disse que Gabriel teria afirmado “não mexe comigo, que estou armado, não quero nada que é seu”. Ele disse ainda que no mesmo dia, mas por volta de 6h, Gabriel teria furtado “caixas de café e bolachas” do estabelecimento. As versões de ambos são contestadas pela família, que afirma que a vítima nem teve tempo de esboçar reação.

O boletim de ocorrência aponta que Gabriel teve três perfurações no tórax, duas no dedo anelar da mão esquerda, uma no antebraço esquerdo, uma na orelha direita, três no antebraço direito e uma no rosto. As imagens das câmeras de segurança mostram que ele teria sido atingido por alguns dos disparos enquanto estava de costas, tentando fugir da loja.

Em nota, a SSP-SP disse que o policial foi afastado das atividades operacionais e que o caso está sob investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), com acompanhamento da Polícia Militar. A pasta disse ainda que as imagens das câmeras de segurança estão sendo analisadas pelas autoridades.

*Com informações do Estadão