O soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) Patrick Bastos Reis, de 30 anos, morto durante um patrulhamento no Guarujá, desejava desde a infância ingressar na Polícia Militar. Sua paixão pela carreira policial começou aos sete anos, quando viu policiais desfilando em comemoração à Independência do Brasil.

Natural de Santa Maria (RS), Patrick era filho único e pai de um menino de três anos. Em entrevista ao UOL, sua mãe, Cláudia Reis, conta que na juventude Patrick costumava frequentar a boate Kiss, em Santa Maria, e no dia do incêndio que vitimou 242 pessoas ele estava planejando ir ao show no local. No entanto, ao saber que sua avó ficaria sozinha em casa naquela noite, ele decidiu desistir do evento para fazer-lhe companhia.

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“O Patrick sempre foi muito apegado aos avós. No dia do incêndio na boate estava tudo certo para ele ir ao show com uma moça que ele namorava na época. Mas, quando ele soube que a avó ficaria em casa sozinha naquela noite, ele desmarcou de sair para fazer companhia para a avó”, disse a mãe ao veículo jornalístico.

Apesar do medo de seus pais em relação à carreira policial, eles se mudaram para São Paulo para ficar mais próximos de Patrick após ele ingressar na PM. Mesmo com uma rotina intensa na Rota, o soldado sempre procurou ser presente na vida de seus pais e de seu filho, compartilhando momentos juntos e levando-o para a academia de jiu-jítsu.

Patrick era um entusiasta dos esportes e chegou a cursar faculdade de educação física, trabalhando como personal trainer antes de entrar na PM. Ele também se destacava no jiu-jítsu e sonhava em se tornar campeão mundial na modalidade.

Entenda o caso

O soldado Patrick Bastos Reis foi atacado na quinta-feira, 27, durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda, no Guarujá, resultando em seu falecimento. Um cabo que o acompanhava também foi atingido, mas sem gravidade. O autor do disparo que matou Patrick, Erickson David da Silva, conhecido como Deivinho, entregou-se à polícia em São Paulo.

Após a morte do soldado, a polícia iniciou uma brutal operação no Guarujá, que até agora já resultou em 32 prisões, 13 mortes e denúncias de ameaça, agressões e tortura por parte de moradores locais, que afirmam que os agentes estariam atacando pessoas inocentes. A polícia não divulgou a identidade dos mortos e nem qual a participação deles no assassinato de Patrick Bastos Reis.

O ouvidor da Polícia, Claudio Aparecido da Silva, disse que verá as imagens das câmeras instaladas nos uniformes dos policiais durante as ações que resultaram em mortes. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse na segunda-feira, 31, estar “extremamente satisfeito” com a operação.