SÃO PAULO, 1 JUL (ANSA) – Durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta quinta-feira (1º), o policial militar Luiz Paulo Dominguetti recuou e afirmou que pode ter sido induzido a erro ao tentar relacionar um áudio, divulgado por ele durante a sessão, a um suposto envolvimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) na negociação de vacinas.
Dominguetti foi ouvido após ter confirmado que recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose em uma negociação de vacinas com o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. O policial disse explicitamente que Miranda havia tentado intermediar a compra de imunizantes com a Davati Medical Supply.
No entanto, os senadores começaram a questioná-lo sobre o conteúdo da gravação, já que não é possível ouvir a palavra “vacina” em nenhum momento.
“Eu recebi o áudio e acreditei no áudio de boa-fé. Da mesma forma que me foi postado e induzido a acreditar que eram vinculadas, pois eram postagens uma embaixo da outra, dando a entender a mim que eram vinculadas ao mesmo fato”, disse ele, que teve o celular apreendido pela CPI.
De acordo com o policial, a gravação foi repassada a ele por Cristiano Alberto Carvalho, representante da Davati no Brasil.
Em declaração ao jornal O Globo, porém, o executivo disse que Dominguetti “quer aparecer” e negou que o áudio se refere a uma tratativa para negociar vacinas.
Miranda, por sua vez, alega que o áudio é antigo e foi enviado a um empresário de Brasília em outubro de 2020, no meio de uma negociação que ele fazia para a compra de luvas cirúrgicas.
Indagado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se pode, então, ter sido induzido a erro, Dominguetti confirmou. “O senhor seguramente é a única pessoa até o momento neste país que ouviu aquele áudio e conseguiu identificar referência ao irmão do deputado. O senhor alega que foi induzido ao erro?”.
Dominguetti, então, respondeu: “Isso. A minha interpretação da mensagem não muda contextualização do áudio, a prova. A perícia vai provar que recebi áudio do Christiano”.
Os questionamentos, porém, continuaram. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) insistiu no assunto e, mais uma vez, Dominguetti afirmou que pode ter sido mesmo induzido.
“Eu recebi o áudio e acreditei no áudio de boa-fé. Me foi postado e induzido a acreditar que eram vinculados, que eram postagens próximas, uma embaixo da outra, dando a entender a mim que eram vinculados ao mesmo fato. A forma que eu recebi o áudio, que ela sugeria, uma ligação, que eram as mesmas tratativas”, acrescentou o policial.
Momentos depois, Vieira defendeu a prisão de Dominguetti por “falso testemunho” à CPI da Covid. O pedido, no entanto, foi negado pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM). “Não farei isso, não pelo senhor, mas pela sua família”, avisou Aziz ao PM.
Além disso, o presidente da CPI enfatizou que a exibição do áudio seria motivo suficiente para a prisão, e ressaltou que o suposto representante da Davati estava sendo “irresponsável” por acusar Luis Miranda sem ter certeza da procedência da gravação.
(ANSA)