O Setor de Inteligência da Polícia Militar (PM) de São Paulo prendeu na sexta-feira, 8, dois irmãos e apreendeu um menor de idade suspeitos de integrarem quadrilha que rouba celulares e pratica golpes por meio do Pix, ferramenta de pagamento instantâneo. Os irmãos, de 21 e 26 anos, e o adolescente de 17 anos estavam em um condomínio residencial da rua Major Diogo, na Bela Vista, região central de São Paulo. No apartamento, policiais também apreenderam celulares, notebook e máquina de cartão.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o notebook e a máquina de cartão eram utilizados para desbloqueio de senhas e compras. O 78º Distrito Policial, do Jardins, solicitou a conversão do flagrante em prisão preventiva.

Entre os objetos apreendidos estava o Iphone de uma cabeleireira de 35 anos. Ela teve o celular furtado na Avenida Paulista. Com o aparelho, os suspeitos alteraram senhas de aplicativos, realizaram transações financeiras de altos valores – R$ 46 mil e R$ 110 mil -, fizeram compras e abriram conta para transação em criptomoedas. A mulher reconheceu o autor do roubo.

O Estadão revelou que os altos lucros obtidos por quadrilhas que fazem roubos por meio do Pix atraíram a atenção do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme mostrou investigação da Polícia Civil. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) identificou que a facção atua no controle de crimes de transferência de dinheiro com celulares roubados em bairros de classe média alta da capital.

Os investigadores apontaram que a quadrilha tem uma célula na Bela Vista para desbloquear aparelhos roubados no bairro ou em áreas próximas, como a Paulista, Consolação e Jardins.

Ao Estadão, Anderson Honorato, delegado assistente da 2.ª Delegacia do Patrimônio, informou que, há cerca de um mês, foi feita uma incursão que culminou na detenção de cinco jovens de cerca de 20 anos. Eles explicaram o esquema e indicaram a intervenção do PCC. Posteriormente, o membro da facção que comandaria a quadrilha na Bela Vista foi detido, mas solto por falta de provas.

Como se proteger

Em agosto do ano passado, o Banco Central fez uma série de mudanças no Pix após os casos de roubo e sequestros relâmpago dispararem. O sistema de pagamentos que opera em tempo real passou a ter limite de R$ 1 mil para operações entre 20h e 6h. Além do Pix, o limite também passou a ser aplicado em outras operações entre pessoas físicas, como compras pelo cartão de débito e em TEDs (Transferência Eletrônica Disponível) .

Bancos também passaram a respeitar um prazo mínimo de 24 horas e máximo de 48 horas para a efetivação de pedido do usuário, feito por canal digital, para aumento de limites de transações com TED, DOC (Documento de Ordem de Crédito), transferências entre bancos, Pix, boleto, e cartão de débito.

Mesmo assim, os roubos e furtos de celular são seguidos de uma “corrida contra o tempo” para que as vítimas bloqueiem os aplicativos de banco o quanto antes. Ao Estadão, especialista indicou que vítimas devem acionar o banco imediatamente para solicitar o bloqueio do aplicativo e das transferências. Isso pode ser feito por telefones listados na internet ou por outros canais oferecidos em sites das instituições financeiras, como chats para atendimento.

Outro passo complementar é trocar as senhas de todos os aplicativos que possam ter informações sensíveis, como e-mail, e notificar a operadora de telefonia. Quando o pedido é validado junto à operadora, é efetuado o bloqueio da linha, evitando que criminosos acessem as informações do chip.