Um dos principais quadros do PT e da esquerda no Brasil, o ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu nunca deixou a política. Mesmo na prisão, a política foi o norte para que ele escrevesse suas memórias e continuasse, nos bastidores, participando da cena.
Passados vinte anos do escândalo do mensalão – pelo qual foi condenado e cumpriu pena -, e após ter sido novamente investigado, condenado, preso e solto nas investigações da Lava Jato, ele se prepara para voltar às urnas como candidato a deputado federal.
Para retornar às disputas eleitorais, Dirceu tem conversado com o PT, partido do qual é fundador, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nunca deixei de fazer política”, admite ele nesta entrevista ao PlatôBR, na qual aposta que o candidato de seu partido em 2026 será o presidente Lula, que considera favorito. Se, ao fim e ao cabo, Lula decidir não se candidatar, Dirceu vê o ministro Fernando Haddad (Fazenda) como principal alternativa no partido.
O ex-ministro vê potencial no companheiro de partido que, neste momento, comanda a política econômica. “Se Lula pudesse dar entrevista e tivesse feito campanha (em 2018, quando estava preso), o Haddad teria sido eleito. Isso significa que nós temos força política”, afirma.
“O Haddad foi candidato a presidente da República em 2018 e foi muito bem. Como (candidato a) governador em 2022, ele perdeu a eleição, mas deu a vitória para o presidente Lula (em São Paulo)”, prossegue.
Dirceu fala ainda das dificuldades do atual mandato de Lula. Uma delas, diz, está na relação com o Congresso. Outra, na opção do próprio presidente por cuidar pessoalmente da articulação política do governo – em sua opinião, isso acaba por sobrecarregá-lo.
O ex-ministro, que no passado foi apontado como um possível sucessor de Lula, elabora sobre outra dificuldade: a do PT e da esquerda em encontrar uma nova liderança política. Ele atribui a tarefa às novas gerações de militantes e diz confiar que outros nomes surgirão: “Quem sucederá o Lula será o PT”.
Sobre os possíveis adversários do partido na corrida presidencial de 2026, Dirceu vê afinidade de políticos de centro com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas entende que isso pode não se reverter necessariamente em votos.
Aos 79 anos, Dirceu passa a maior parte do tempo entre a capital paulista e Brasília, onde costuma se hospedar no apartamento funcional que a Câmara destina ao filho dele, deputado Zeca Dirceu (PT-PR). A rotina é intensa, parecida com a de um político profissional em plena atividade. A se confirmar o plano de candidatura no ano que vem, a tendência é que ele se lance por São Paulo, o mesmo estado que no passado o elegeu para três mandatos no Congresso.
Leia mais em PlatôBR.