Ministro da Casa Civil do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista José Dirceu tinha o perfil político, bem diferente do atual titular da pasta, Rui Costa, que nada tem de articulador e se concentra em atividades gerenciais. Em entrevista ao PlatôBR, Dirceu diz que a opção por um ministro com menos traquejo político foi feita no passado pelo próprio Lula, em sua substituição por Dilma Rousseff, em 2005, devido a acusações de envolvimento no esquema do mensalão. Dilma, na época, nunca havia concorrido a nenhum cargo político e Costa, apesar de ter sido governador da Bahia reeleito, tem a fama de ser um “gerente”, um “tocador de obras”.
Atualmente, em meio às discussões com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), Costa tem sido criticado justamente por ser omisso na preparação da articulação com o Congresso. A reação acabou expondo um flanco de guerra interna dentro do governo.
“Nós vivemos no regime presidencialista e o presidente Lula optou por isso”, apontou Dirceu, ao ser questionado sobre a atuação de Costa. “Quando eu saí, ele me pediu que opinasse sobre quem seria o meu sucessor, no caso, foi uma sucessora”, disse Dirceu, lembrando quando Dilma Rousseff, também com um perfil muito menos político, o substituiu na pasta. “A ministra Dilma Rousseff e agora o ministro Rui Costa têm o perfil que ele [Lula] quer”, apontou Dirceu.
A íntegra da entrevista com José Dirceu será publicada neste sábado no PlatôBR. O ex-ministro falou sobre outros pontos da política brasileira, das eleições do PT, das perspectivas para 2026, quando ele pretende se candidatar a deputado federal, e sobre o contexto internacional de guerras e desafios para as esquerdas no mundo.