As graves revelações da Polícia Federal e da CGU sobre as fraudes no INSS venceram as resistências do governo à instalação de uma comissão de inquérito no Congresso para apurar o assunto. Sem alternativa, o Planalto terá de enfrentar uma CPMI que certamente terá repercussão nas eleições de 2026. Se a criação do colegiado for confirmada, os próximos meses serão de duro enfrentamento político em torno dos descontos irregulares em aposentadorias e pensões.
A nenhum governo interessa o funcionamento de uma comissão de inquérito sobre assuntos atuais, pois quem está no poder inevitavelmente faz papel de vidraça nessas circunstâncias. Mas, com um número expressivo de assinaturas no requerimento, a oposição deixou o Planalto sem uma justificativa para impedir as investigações. Restou a alternativa de disputar a narrativa sobre o escândalo, que tem raízes no mandato de Michel Temer, cresceu com Jair Bolsonaro, e teve um salto ainda maior com Lula.
Há também um pedido de CPI apenas de deputados, mas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu sinais de que não encaminhará a criação. Mas as pressões sobre o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), tornaram insustentável a posição contrária à investigação parlamentar. A virada do governo, ensaiada nos últimos dias, foi explicitada nesta quinta-feira, 15, durante depoimento do novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado.
Em Nova York, Hugo Motta diz que Bolsonaro ainda tem chance de disputar eleição em 2026
Durante um debate em Nova York, Hugo Motta disse nesta quarta-feira, 14, que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda tem chances de disputar a eleição de 2026, apesar da inelegibilidade determinada pelo TSE. Na opinião do presidente da Câmara, a história recente do Brasil, com a volta de Lula ao Planalto depois de preso, mostra que a realidade pode mudar rapidamente.
““No Brasil, as certezas que temos não são permanentes”, disse Motta. Com essa justificativa, o deputado não descarta a possibilidade de a Justiça mudar o entendimento em relação a Bolsonaro.
As declarações de Motta foram dadas durante almoço promovido pelo PlatôBR e pelo Brazil Journal, com palestra do Nobel de Economia Paul Krugman. Desde que tomou posse na presidência da Câmara, o deputado procura se equilibrar entre as posições do governo e da oposição, com declarações que às vezes atendem a um lado e, em outros momentos, agradam o outro lado. Dessa vez, como se vê, ele acenou para o grupo de Bolsonaro.
Expoente do bolsonarismo, Carla Zambelli foi condenada a dez anos de prisão
Personagem da linha de frente da tropa de choque de Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) sofreu esta semana um duro revés em sua carreira política. A parlamentar foi condenada pela Primeira Turma do STF, na quarta-feira, 14, a dez anos de prisão, inicialmente em regime fechado, por invasão dos sistemas do CNJ) Conselho Nacional de Justiça para inserção de documentos falsos. Pela decisão, a parlamentar também perde o mandato na Câmara, quando o caso transitar em julgado, e fica inelegível.
De acordo com a acusação, a deputada acessou ilegalmente a rede de informática do órgão para incitar atos antidemocráticos. No mesmo processo, o CNJ condenou o hacker paulista Walter Delgatti, que atuou com a deputada na invasão do sistema, a oito anos e três meses de prisão. Os dois, juntos, terão também de pagar uma indenização de R$ 2 milhões. Ainda há possibilidade de recursos.
Pela exposição que teve no Congresso durante o governo passado, Zambelli se tornou uma das personagens mais conhecidas do bolsonarismo. Nesse sentido, sua condenação representa um dos maiores símbolos da derrocada do grupo político do ex-presidente, que ainda tem pela frente a ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado na última transição de governo.
Morre José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai; Lula foi ao funeral
O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica morreu na terça-feira, 13, em decorrência de um câncer no esôfago. Por sua trajetória política, Mujica se tornou um dos mais destacados líderes da esquerda da América Latina. Pela coerência em relação aos seus princípios e pelo compromisso com a democracia, conquistou também o respeito de outros espectros ideológicos.
Amigo de Mujica, Lula soube de sua morte quando estava na China. O petista passou chegou a Brasília na noite de quarta e, na quinta, foi para o funeral.