PlatôBR: Por onde vai a investigação da Polícia Federal no INSS

Nova fase da Operação Sem Desconto foca em gestores que ocuparam postos de comando nos governos de Jair Bolsonaro e Lula e, também, pessoas que exerceram influência no instituto

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A nova etapa das investigações da Polícia Federal sobre desvios bilionários de dinheiro dos aposentados e pensionistas atinge um dos pilares de sustentação do esquema: o núcleo político. Esse é o foco da Polícia Federal com a deflagração, nesta quinta-feira, 13, de mais uma fase da Operação Sem Desconto, que apura fraudes em descontos sindicais e associativos. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões, de 2019 a 2024.

Formado por mais de um grupo, esse núcleo é composto por pessoas que exerciam influência no instituto e por gestores em postos de comando, que chegaram aos cargos por indicação política. Eles possibilitavam falsificações de documentos e de registros e garantiam blindagem aos operadores, segundo a Polícia Federal.

Dez mandados de prisão preventiva foram decretados pelo ministro do STF André Mendonça na operação desta quinta-feira. A PF prendeu o ex-presidente do INSSAlessandro Stefanutto. Os policiais também fizeram buscas e apreensões em 63 locais, em 14 estados e no Distrito Federal. Eles estiveram em endereços de deputados e assessores que passaram pelo órgão nos governos Lula e Jair Bolsonaro.

Stefanutto é investigado por receber R$ 250 mil mensais de propinas. Os dados da PF indicam fraudes que garantiram os descontos ilegais do dinheiro das aposentadorias, via falsas autorizações. O ex-presidente do INSS foi indicado ao cargo por Carlos Lupi, presidente do PDT e ministro da Previdência do início do atual mandato de Lula até maio. Ele caiu em abril por causa do escândalo do INSS.

Deputados e assessores

O grupo ligado a Stefanutto inclui deputados, assessores e ex-servidores do comando do INSS, como André Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios, e Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS. Também estão na lista e foram alvos dos mandados de buscas da PF o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e o deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA).

A PF pediu a prisão de Pettersen, mas o STF recusou. O parlamentar negou crimes, em nota divulgada nesta quinta. “Reitero que nunca tive qualquer vínculo com o INSS, seus dirigentes ou decisões administrativas.” Araújo era vice-presidente da CBPA (Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura), entidade acusada de envolvimento das fraudes.

A Polícia Federal busca também ex-integrantes do governo Bolsonaro. Nesta quinta, um dos endereços visitados por policiais foi o do ex-ministro do Trabalho e Previdência de Bolsonaro José Carlos Oliveira, cujo nome de batismo é Armed Mohamad Oliveira.

O presidente da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiar), Carlos Ferreira Lopes, considerado do comando de um dos grupos, não havia sido preso até o fim da noite desta quinta e é considerado foragido. Outros grupos do núcleo político ainda serão alvos de operações da PF.