Com previsão para ser julgado em setembro no STF, Jair Bolsonaro trava uma dura batalha em seu campo político para não perder aliados no momento em que mais precisa demonstrar força entre aliados e seguidores. Neste domingo, 3, pelo menos 23 cidades do países tiveram manifestações em defesa do ex-presidente. A maior delas, na Avenida Paulista, em São Paulo, sob o lema “Reaja, Brasil”, reuniu em torno de 37 mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político da USP.
Os atos defenderam anistia dos envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro, tiveram gritos de “fora Lula” e ataques ao STF, principalmente ao ministro Alexandre de Moraes. Os manifestantes, em sua grande maioria, usavam roupas verde-amarelas e muitos portavam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.
Embora esteja proibido de deixar Brasília nos finais de semana por decisão judicial, Bolsonaro participou à distância por meio de videochamada, exibida durante o discurso inflamado do deputado Nikolas Ferreira (PL‑MG) na capital paulista. Sobre o trio elétrico, Nikolas criticou o Supremo e pediu a prisão de Moraes, afirmando que “sem a toga, não sobra nada”.
A mobilização foi liderada pelo pastor Silas Malafaia, que conduziu os discursos e voltou a acusar o STF de censura e perseguição. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), esteve presente, mas não discursou. Participaram também parlamentares da base bolsonarista, como Marco Feliciano (PL-SP) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Um sinal negativo para Bolsonaro foi a ausência nas manifestações de outros líderes identificados com a direita que têm planos para disputar o Planalto em 2026. Não compareceram, por exemplo, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Paraná, Ratinho Jr (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Tarcísio argumentou que não compareceu porque fez uma radioablação por ultrassonografia de tireoide, procedimento médico que tinha agendado no hospital Hospital Albert Einstein para a tarde deste domingo.
A ausência desses nomes foi interpretada como um gesto de precaução diante da escalada da tensão com o Supremo. O pastor Malafaia provocou: “Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Estão com medo do STF, né?”.
Anistia para os condenados
No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) esteve presente no ato realizado em Copacabana, onde também criticou em discurso o ministro Alexandre de Moraes e reafirmou a defesa de anistia ampla para os condenados pelos ataques do 8 de Janeiro. “Quero agradecer a cada um que veio aqui hoje e ficou até este momento embaixo desse sol. Eu sei que é cansativo, mas para retribuir vocês vão ouvir um boa tarde do melhor presidente da história deste Brasil, que está na linha comigo”, disse o senador, que ligou para Bolsonaro durante a manifestação.
Por causa do telefonema, voltou a discussão sobre possível descumprimento por parte do ex-presidente das medidas cautelares impostas pelo STF. Esse assunto deve entrar nos debates do Congresso, que retorna esta semana do recesso, e pode chegar ao Supremo.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro optou por participar de um ato simultâneo em Belém (PA), onde subiu o tom contra o presidente Lula. “Belém tem o mesmo nome da cidade em que Jesus, a nossa esperança e salvação, nasceu! Aqui, e em todas as cidades brasileiras, nasce, hoje, a reação a todas as injustiças praticadas pelo atual governo, o governo do sistema. Reaja, Brasil! Deus está conosco! Venceremos!”, discursou. Além de São Paulo, Rio e Belém, houve mobilizações em Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Recife, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis.