As recentes inundações no Rio Grande do Sul reacendem a discussão sobre a falta de políticas públicas estruturadas para desastres climáticos no país. Como na tragédia de 2024, as enchentes deste ano alimentam a disputa política entre o governo federal e os adversários no estado, governado por Eduardo Leite (PSD). Líder da oposição na Câmara, o deputado Coronel Zucco (PL-RS) busca apoio de aliados, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) para ações contra os efeitos das chuvas.
Nesta entrevista ao PlatôBR, Zucco cobra mais agilidade do Planalto na implementação de medidas de socorro ao estado. “O que a gente tem visto até agora, infelizmente, é um governo federal que fala muito e faz pouco”, diz o parlamentar. O deputado defende a criação de um fundo permanente de resposta rápida, maior autonomia para municípios e transparência na aplicação dos recursos federais. Ele aponta falhas na execução das verbas anunciadas após a tragédia de 2024 e diz que a falta de um plano nacional estruturado deve se tornar um tema central nas eleições de 2026. Confira a entrevista:
1. Como a oposição tem se articulado na Câmara para responder às novas inundações no Rio Grande do Sul? Há alguma agenda conjunta ou frentes emergenciais em andamento?
Desde o início dessa nova tragédia, venho atuando de forma direta e mobilizando todos os recursos à disposição do nosso mandato. Estive em São Paulo nesta semana e aproveitei a agenda para pedir o apoio do governador Tarcísio e do prefeito Ricardo Nunes. Ambos se comprometeram a disponibilizar estrutura logística e pessoal para ajudar o Rio Grande do Sul. Retorno ao estado para acompanhar de perto as ações emergenciais e reforçar nosso compromisso com as prefeituras atingidas. A oposição está unida e atenta, e eu, pessoalmente, tenho trabalhado para ampliar essa rede de apoio em caráter emergencial.
2. O senhor avalia que o governo federal tem sido eficaz no enfrentamento da crise climática no estado? Quais medidas a oposição considera prioritárias e que ainda não foram tomadas?
O que a gente tem visto até agora, infelizmente, é um governo federal que fala muito e faz pouco. Falta ação prática, falta agilidade, falta gestão. Essa é a terceira tragédia climática consecutiva no estado, e até hoje não existe um plano nacional eficiente de prevenção e resposta. Defendo medidas urgentes como o reforço imediato da Defesa Civil local, um fundo de resposta rápida e mais autonomia para os municípios agirem. Não dá mais para o estado enfrentar sozinho uma situação dessas – e o governo federal precisa entender isso com seriedade.
3. Passado mais de um ano da tragédia de 2024, o senhor avalia que houve falhas na execução dos recursos federais destinados ao Rio Grande do Sul? A oposição tem monitorado essa aplicação?
Sem dúvida houve falhas. Muitos recursos anunciados com pompa não chegaram à ponta, outros demoraram demais para ser liberados. Obras prometidas ficaram no papel. Desde o início eu venho cobrando mais transparência e mais eficiência na aplicação desses recursos. A população gaúcha merece saber onde e como está sendo gasto cada centavo. Nosso mandato está fiscalizando, fazendo pedidos formais de informação e cobrando do governo as respostas que até agora não vieram. Não basta anunciar recurso — é preciso executar bem e no tempo certo.
4. O senhor acredita que o tema das enchentes e da gestão de desastres pode ganhar centralidade no debate eleitoral de 2026? A oposição pretende nacionalizar essa pauta para pressionar o governo federal?
Eu não tenho dúvida disso. As tragédias estão se repetindo e a sensação que fica é de abandono. A população está cansada de promessas e quer soluções. Essa pauta precisa sim ser nacionalizada, não por oportunismo, mas por necessidade. O Brasil inteiro está vendo o que o povo do Rio Grande do Sul está enfrentando. E se o governo federal não agir, vamos sim levar esse debate para o centro das eleições de 2026. Chega de improviso. O país precisa de um plano sério, contínuo e com gestão competente para lidar com desastres climáticos.