Com 14 ministros no atual governo, o PT é, de longe, o partido que mais ocupa cargos comissionados em outros escalões da Esplanada dos Ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Servidores filiados à sigla de Lula estão presentes, principalmente, nos chamados postos de natureza especial e nos cargos de DAS (Direção e Assessoramento Superiores) de níveis 4, 5 e 6, com os maiores salários. Na prática, essas são indicações de natureza política.
Um cruzamento feito pelo professor e pesquisador Sérgio Praça, doutor em Ciência Política pela USP (Universidade de São Paulo) e articulista do PlatôBR, identificou 397 petistas nesses cargos, um número bem superior ao das demais legendas da federação do PT, como PCdoB, segundo colocado, com 47 filiados alojados em cargos comissionados, e PV, com 15.
Entre os partidos da base do governo, o PSB aparece em terceiro lugar, com 32 filiados nas categorias pesquisadas. Trata-se da legenda do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Empreendedorismo, Márcio França. Filiados ao PSOL estão em 24 cargos comissionados e filiados à Rede, partido de Marina Silva, em 16. Servidores oficialmente associados ao PDT ocupam 23 postos.
Sérgio Praça chama a atenção para os efeitos da concentração dos cargos comissionados com filiados do PT, sigla presidida pela deputada paranaense Gleisi Hoffmann (foto). Ele entende que algumas pastas cedidas a partidos do Centrão foram dadas sem direito às nomeações dos cargos abaixo do ministro. Isso pode significar, de acordo com o professor, má gestão da coalizão de Lula.
No governo, são comuns as reclamações de que partidos que têm pastas na Esplanada não se sentem obrigados a votarem no Congresso segundo as orientações do Planalto, por exemplo, o que pode ser um reflexo dessa composição citada pelo professor.
Fora da aliança governista no Congresso, mas com três ministérios, o PSD de Gilberto Kassab tem 27 filiados nesses postos. Outros 21 nomeados para os chamados cargos em comissão são do União Brasil, sigla que comanda os ministérios do Turismo, das Comunicações e da Integração e Desenvolvimento Regional, e nove são do PP, partido do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Oito têm filiação assinada no Republicanos de Hugo Motta, sucessor de Lira, e de Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos.
O levantamento mostra que partidos que não estão na base de Lula também têm filiados ocupando cargos em comissão no governo. É o caso do PSDB, com 24.