PlatôBR: Fogo amigo se intensifica no PT em disputa pelo Ministério da Saúde

Cotado para o lugar de Nísia, ex-ministro Chioro é citado como o candidato de Rui Costa. Aliados dele dizem tratar-se de uma tentativa de queimá-lo e de abrir caminho para Alexandre Padilha

Marcello Casal JrAgência Brasil
Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Com a saída da ministra Nísia Trindade (Saúde) dada como praticamente certa, está em curso uma guerra nos bastidores entre grupos do PT para tentar fortalecer possíveis candidatos ao cargo. Alexandre Padilha, atual ministro das Relações Institucionais, é o grande favorito para suceder Nísia, mas Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde de Dilma e atual presidente da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), também está no páreo e passou a ganhar força na última semana.

Uma suposta disputa entre Padilha e Chioro pelo cargo passou a ser vista como uma batalha entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, pelo apadrinhamento do novo chefe da Saúde. Padilha seria o candidato do grupo de Haddad, enquanto Chioro seria o nome apoiado por Rui Costa e também pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo senador Humberto Costa (PT-PE), todos da mesma tendência do PT, a Construindo um novo Brasil.

Nos bastidores, o jogo está intenso. Pessoas próximas a Arthur Chioro reclamam do esforço de uma ala do partido, refletido na imprensa, para ligá-lo a Rui Costa – o que serviria para miná-lo, uma vez que Costa vem sendo bombardeado no governo.

Os apoiadores de Chioro dizem que a tentativa de ligá-lo ao chefe da Casa Civil tem a “digital” do grupo de Padilha, com o objetivo de queimar o rival na disputa pelo posto. Eles asseguram que Chioro, que foi ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff, nunca conversou com Rui Costa sobre a possibilidade de ir para o Ministério da Saúde, e que os dois não são próximos.

Nísia reage

Em franca fritura, Nísia Trindade, ainda ministra da Saúde, se mostrou contrariada com as especulações. Ela falou com o próprio Padilha nesta quinta-feira, 20, sobre o seu futuro no governo Lula. O ministro das Relações Institucionais teria dito que não recebeu qualquer comunicação de Lula sobre o assunto. Nos bastidores, petistas dizem que Nísia estaria magoada e chateada com o colega.

A ministra, que cumpriu agenda em São Paulo nesta quinta, disse estar segura no cargo e que não recebeu qualquer aviso sobre sua possível demissão. Ela reclamou. “Esses rumores criados com o meu nome existem desde o início do governo. É uma lástima, mas continuarei fazendo o meu trabalho”, afirmou. “É muito desagradável. Minha família liga, os jornalistas ligam. Mas eu me sinto muito segura com minha gestão e não fico acuada com especulações”, garantiu.

O Ministério da Saúde também divulgou uma nota negando que Nísia teria comunicado a sua saída para integrantes de sua equipe. De acordo com o ministério, ela segue “trabalhando normalmente”. O presidente Lula estaria descontente com a ministra porque programas de seu ministério não estariam alcançando os resultados esperados. Assim, ele já teria decido substituí-la, segundo políticos petistas.

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