Na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de quinta-feira, 6, a previsão era de que ele participaria da reunião com o vice, Geraldo Alckmin, e com ministros, às 14h30, para discutir soluções para um dos principais problemas para a popularidade do petista: a inflação de alimentos.
Lula, porém, mudou de planos. Passou para Alckmin toda a condução das conversas e a tarefa de anunciar o resultado do encontro. Enquanto Alckmin conversava com ministros e empresários, Lula ficou em seu gabinete, decidindo sobre nomeações de juízes para tribunais. Ainda na parte da manhã, o petista já tinha ouvido de Alckmin as diretrizes do que seria discutido, e deu sinal verde.
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A ausência de Lula no anúncio seguiu uma orientação do ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Sidônio Palmeira. O objetivo era poupar o presidente de anunciar medidas que não produziriam resultados imediatos. O pior dos mundos para o Planalto, em termos de comunicação, seria ele ser taxado de incapaz de resolver o problema da carestia. A ideia, então, foi tentar descolá-lo do tema enquanto as soluções não aparecem.
O cuidado foi além. No anúncio, o próprio Alckmin fez questão de realçar que não se tratava de um pacote. Diante da insuficiência flagrante das medidas, o vice fez questão de ressalvar que se tratava de providências iniciais e que a administração Lula seguiria empenhado em apresentar mais opções para conter os preços.
‘Chama o Alckmin’
Um interlocutor do Planalto diz que uma prática que Sidônio tem repetido na tarefa de reverter a baixa na popularidade de Lula é: “em caso difíceis, chama o Alckmin”. A reunião sobre a inflação dos alimentos não foi a primeira em que essa lógica prevaleceu. Para ficar mais confortável em uma situação que se sabia embaraçosa, Lula também recorreu ao vice-presidente há duas semanas, no Palácio do Planalto, durante a última entrega que Nísia Trindade, então ministra da Saúde, fez horas de ser demitida.