PlatôBR: Eduardo Paes, PL e esquerda — o jogo no Rio para as eleições de 2026

Disputa pelo governo do estado no ano que vem tem o prefeito da capital como favorito, com apoio do PT. O PL ainda busca um nome competitivo para concorrer

Eduardo Paes
Eduardo Paes Foto: Ricardo Stuckert / PR

O tabuleiro do Rio de Janeiro para a disputa pelo governo em 2026 começa a se mover com uma peça que pesa mais do que as outras: Eduardo Paes (PSD). A avaliação compartilhada por diferentes grupos políticos é que o prefeito da capital fluminense vive uma condição de largada raríssima no estado e, pela primeira vez, entra numa disputa majoritária com um cenário desenhado a seu favor. Ainda assim, ninguém trata a corrida como decidida: a política no Rio é volátil, o antipetismo segue forte e o campo bolsonarista ainda não encontrou um nome.

No PL, o desafio é duplo: fortalecer a sigla no Senado e tentar construir uma alternativa competitiva para o governo. Dentro do partido, o entendimento é que o governador Cláudio Castro (PL) desponta como provável candidato da legenda para disputar uma das duas vagas de senador em jogo em 2026. A legenda tem outro nome forte, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos líderes da direita no Rio, que caminha para o fim do mandato e, provavelmente, tentará a reeleição.

Flávio ainda aparece nas especulações sobre possíveis nomes para o Planalto no ano que vem, mas essa é uma hipótese que não deve se confirmar, pois não empolga as cúpulas dos partidos que vão definir a chapa da oposição. O senador Carlos Portinho (PL), em fim de mandato, quer a reeleição e resiste à ideia de concorrer a deputado federal, opção discutida no partido. O desempenho dele nas pesquisas, porém, é considerado fraco – um aspecto relevante para as negociações.

Para disputar o governo do estado, o PL ainda não tem um nome próprio competitivo para enfrentar Paes. O partido observa duas figuras que transitam entre o Centrão e o bolsonarismo: Rodrigo Bacellar (União Brasil), presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), e o deputado federal Doutor Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde. Ambos surgem como alternativas possíveis, mas nenhuma das duas composições é simples de ser feita.

As dificuldades locais contrastam com a prioridade nacional do PL de montar um Senado robusto, objetivo que pode atropelar acordos para o governo do Rio. Pelo menos no primeiro turno, o partido descarta a possibilidade de aproximação com Eduardo Paes.

Nacionalização da campanha

Um fator observado por políticos fluminenses que pode interferir na eleição estadual e provocar estragos no favoritismo de Paes é a nacionalização da campanha local, com polarização entre lulistas e bolsonaristas. Mesmo assim, a aposta é que o prefeito não embarcará por completo no perfil da esquerda, alvo dos ataques da direita.

No PSD, partido do prefeito, o diagnóstico é ainda mais generoso. Um integrante do partido avalia que Paes cresceu no interior, sustenta diálogo amplo no centro e carrega uma imagem “independente de Lula” no estado, embora a aliança com o presidente seja inevitável. Para esse grupo, o prefeito chega à disputa num patamar poucas vezes visto no Rio, fruto de um equilíbrio raro: tem relação com Lula, evita desgastes com o PT, mantém pontes com o empresariado e circula por diversos campos políticos.

Na esquerda, é possível dizer que o quadro está definido: o PT estará com Paes. O PSOL, por sua vez, deve lançar candidatura própria. Estão cotados os vereadores William Siri e Thaís Ferreira e o deputado federal Glauber Braga. A sigla descarta apoiar Paes no primeiro turno e considera pouco provável fechar uma aliança com o prefeito no segundo, a não ser em um improvável quadro que imponha a necessidade de tomar uma decisão para “redução de danos” – caso a disputa esteja afunilada entre Paes e um adversário que represente o bolsonarismo.

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