PlatôBR: Deportações miram fiéis trumpistas e ameaçam igrejas brasileiras nos EUA

Pastores fãs de Trump se dividem entre a admiração ao americano e a reprovação à deportação de brasileiros. Nesta sexta, chega mais um voo com deportados

REUTERS/Leah Millis
Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca Foto: REUTERS/Leah Millis

Pastores de igrejas neopentecostais do Brasil instaladas em cidades dos Estados Unidos estão preocupados com a perda de fiéis, muitos deles brasileiros em situação ilegal no país e agora sob ameaça de deportação por ordem do novo presidente americano, Donald Trump. Vários já começaram a retornar ao Brasil nos aviões fretados pelo governo americano, chegando ao país algemados e com correntes nos pés, após a deportação.

Nesta sexta-feira, 7, deverá chegar ao Brasil o segundo voo vindo dos Estados Unidos com brasileiros deportados. O número de passageiros não foi divulgado. O voo terá como destino o aeroporto de Fortaleza, e não o de Belo Horizonte, como era previsto anteriormente, para que o grupo não sobrevoe o território brasileiro algemado, como é determinado pelo governo americano em casos de deportação. O primeiro voo chegou ao Brasil no dia 24 de janeiro, com 158 pessoas a bordo.

Muitos bispos e pastores neopentecontais que estão nos Estados Unidos são seguidores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro e fãs de Donald Trump, e agora se veem divididos entre o apoio e admiração ao presidente americano e a reprovação à deportação dos seus fiéis ilegais no país. O pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, por exemplo, fã declarado de Trump, criticou as deportações.

“É interessante saber se o nível de alienação da realidade que esse nacionalismo cristão promove vai ser mais forte do que a realidade proximal para esses líderes religiosos que estão nos Estados Unidos e veem agora pessoas de suas comunidades serem deportadas e o seu ministério ser ameaçado e reduzido”, afirmou o pastor Sergio Dusilek, da Igreja Batista de Marapendi, da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que viajou várias vezes nos últimos anos a Pompano Beach e a Orlando, na Flórida, onde mantém contatos com comunidades de brasileiros evangélicos.

O pastor lembra que muitos brasileiros ilegais estão com medo de ir ao trabalho e também de frequentar as igrejas. “O Trump já avisou que vai procurar os ilegais também nas igrejas. E já houve casos de brasileiros ilegais que estavam em retiro em igrejas, foram encontrados pelo Departamento de Imigração e deportados”, lembrou o pastor.

As igrejas de brasileiros nos Estados Unidos, entre elas a Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, e a Igreja Batista da Lagoinha, do pastor André Valadão, que vive na Flórida, são compostas por um grande percentual de brasileiros ilegais. As regiões com maior concentração de evangélicos brasileiros em território americano são as cidades de Boston, New Jersey e Newark. Há muitos deles, também, nos estados da Flórida e da Califórnia.

As igrejas evangélicas brasileiras nos Estados Unidos geralmente mantêm templos com grupos de 50 a 60 fiéis, formando pequenas comunidades. Funcionam muitas vezes como uma rede de apoio. “As igrejas de brasileiros são compostas por gente trabalhadora, honesta, que foi para a América buscando uma vida mais digna frente às desigualdades e dificuldades no Brasil, diz o pastor Dusilek.

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