PlatôBR: Chefe da CGU deve clarear na CPI do INSS pontos cegos das investigações

Ministro Vinicius Carvalho foi convidado por comissão para esclarecer dimensão dos desvios bilionários das aposentadorias via entidades de classe, quando e como começou o esquema

Divulgação CGU
Foto: Divulgação CGU

Os senadores e deputados da CPI Mista do INSS ouvem nesta quinta-feira, 2, o depoimento do ministro-chefe da CGU (Controladoria Geral da União), Vinicius de Carvalho. Na busca de provas sobre políticos, gestores e servidores públicos envolvidos nos desvios bilionários do dinheiro dos aposentados e pensionistas, ele é considerado peça “crucial” para as investigações no Congresso. O rombo calculado passa de 8 bilhões de reais.

A investigação parlamentar iniciada em agosto tem alguns pontos cegos e o depoimento do chefe da CGU pode ajudar a comissão a clareá-los. Algumas das respostas esperadas por integrantes da CPI se referem a pontos ainda indefinidos, como a origem das fraudes, a real dimensão do esquema, quem recebeu propinas e permitiu que os descontos fantasmas fossem feitos por longo período.

O esquema
As associações e entidades de classe cobravam mensalidades indevidas, que eram descontadas dos contracheques de aposentados e pensionistas sem o conhecimento ou consentimento deles. O esquema era possível, pois documentos e assinaturas eram fraudados e serviam para os descontos ilegais.

A CGU foi responsável pelo levantamento de 2024 com a conclusão de existência de desvios bilionários no INSS via descontos associativos. O órgão apontou o ano de 2019 como início e destacou 2021 e 2022 como período de maior concentração de pedidos.

Em colaboração com a Polícia Federal, o órgão participou da Operação Sem Desconto, que revelou a roubalheira em abril. Carvalho apontou que mais de seis milhões de aposentados tiveram descontos mensais sob suspeita. A CGU iniciou auditoria em 2023 e ouviu 1,3 mil aposentados. Desses, cerca de 97% informaram não terem autorizado os descontos, o que gerou a abertura das investigações criminais. Os processos estão no STF.

Três parlamentares pediram que o chefe da CGU fosse ouvido: o vice-presidente da CPI, deputado Duarte Junior (PSB-MA), o senador Izalci Lucas (PL-DF) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Os parlamentares destacaram que a presença de Carvalho será “vital” para entendimento do caso.

“É fundamental que o ministro esclareça qual foi a exata dimensão dos alertas emitidos, por que as ferramentas de controle do Estado se mostraram tão impotentes para agir preventivamente”, afirmou Lucas.

Membros da CPI vão questionar o chefe da CGU sobre a “responsabilidade” do órgão, e de outros setores do governo, no prejuízo que continuou, mesmo após os alertas emitidos nos últimos anos.

No início de setembro, a CGU abriu 40 processos administrativos de responsabilização contra 38 associações e três empresas. Outros doze procedimentos foram instaurados pelo INSS. São apurados pagamentos de propina a agentes públicos, fraudes documentais e de procedimento, falsidade ideológica, entre outros crimes.

A sessão começa às 9 horas. Ele foi convidado e não é obrigado a comparecer, mas já confirmou presença para a CPI.