PlatôBR: a estratégia do PT para formar uma bancada forte no Senado

O presidente Lula cobra o partido por uma definição rápida dos nomes para 2026. Ele quer se contrapor aos planos da direita, o PL de Jair Bolsonaro à frente, que promete eleger um número recorde de candidatos

Cadu Gomes/VPR
Foto: Cadu Gomes/VPR

De olho na reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem orientado o PT a priorizar a formação de um “cinturão”, nas palavras de um petista, contra o possível avanço da direita bolsonarista no Senado. Lula se mostra preocupado com o atraso na definição sobre as candidaturas petistas. No ano que vem serão renovados dois terços das cadeiras da casa, com a eleição de dois senadores em cada estado. A falta de nomes fortes também é um problema.

Enquanto no PT o assunto ainda é tratado como secundário, já que o partido está mais focado em resolver sua sucessão interna, Lula tem pressa em trabalhar os nomes. Na última terça-feira, 3, em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, o presidente falou sobre a importância de se ter uma estratégia bem desenhada para o Senado, alegando que é preciso, por exemplo, barrar propostas de impeachment de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O discurso reforça a polarização política: o PT se coloca como representante do “campo democrático” em contraste com a “direita golpista”. Mas, para Lula, o que realmente importa é a governabilidade que, necessariamente, passa pelo Senado e pelo enfrentamento da aliança entre a direita e o Centrão no comando do Legislativo.

No PT, o GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral), encarregado de coordenar a estratégia eleitoral do partido, havia marcado um encontro para tratar do assunto na última segunda-feira, 2, mas a reunião acabou não ocorrendo. Sob o comando do atual presidente da legenda, senador Humberto Costa (PE), o grupo iniciou um mapeamento nos estados de possíveis candidatos, mas nada foi apresentado.

Já no Planalto, as conversas sobre o assunto envolvem os ministros da chamada “cozinha” do governo, entre eles Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), que deixou a presidência do PT para entrar no governo, e Rui Costa (Casa Civil). O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, também participa.

Sururu baiano

Jaques Wagner e Rui Costa, aliás, protagonizam na Bahia um quadro de indecisão. O ministro quer ser candidato ao Senado, mas Wagner reivindica a prioridade para tentar renovar seu mandato por mais oito anos. Os dois petistas não podem ocupar as duas vagas para não prejudicar a composição com o PSD, por exemplo, que tem os senadores Ângelo Coronel e Otto Alencar planejando a reeleição.

O PT também patina na definição da chapa em São Paulo. Um dos nomes cotados é o de Marta Suplicy, que voltou ao partido pelas mãos de Lula e já teria conversado com o presidente e com outras lideranças do petistas sobre seu desejo de voltar ao Senado.

Dos seis petistas da atual composição do Senado, pelo menos cinco deles terão de renovar o mandato. Além de Wagner, estão nessa situação Humberto Costa, por Pernambuco, Rogério Carvalho, atual líder da bancada, por Sergipe, Fabiano Contarato, pelo Espírito Santo, e Randolfe Rodrigues, pelo Amapá.

O plano de Lula de fortalecer a base no Senado contrasta com a estratégia já definida pelo PL de Jair Bolsonaro. O partido tem planos já bastante adiantados em praticamente todo o país. Prepara, por exemplo, as candidaturas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ou da deputada Bia Kicis no Distrito Federal e da deputada Caroline De Toni em Santa Catarina. O PL ainda prioriza a reeleição de Flávio Bolsonaro no Rio e planeja lançar Eduardo Bolsonaro em São Paulo.