25/11/2024 - 6:38
Antes de ameaçar a biodiversidade, os oceanos e a cadeia alimentar mundial, o plástico salvou muitas vidas ao promover um desenvolvimento exponencial intimamente ligado ao auge da sociedade de consumo de massa após a Segunda Guerra Mundial.
Resistente, leve e barato, na década de 1950 e nas duas seguintes, o plástico tinha uma imagem positiva “em todos os aspectos da vida”, segundo o Atlas do Plástico, da Fundação Heinroch Böll Stiftung.
No campo da saúde, cateteres, sacolas, seringas e outros dispositivos médicos de plástico de uso único melhoraram a higiene e a saúde e contribuíram para aumentar a expectativa de vida.
Nas embalagens, os plásticos preservaram melhor os produtos, reduziram o desperdício de alimentos e ajudaram a combater a fome, afirmam alguns de seus defensores.
No início da década de 1990, a epidemia de aids devastava os jovens. Foi então quando a banda de rock francesa Elmer Food Beat cantou “o plástico, é fantástico” para promover o uso de preservativos contra a doença: o látex e, por extensão, o plástico, poderiam salvar vidas.
Vinte anos depois, entretanto, a mesma banda mudou a letra de sua música para alertar sobre a poluição: “o plástico, é dramático”, cantam agora.
Há 200 anos, os primeiros plásticos eram produzidos a partir de matérias-primas naturais e renováveis, como a borracha de Charles Goodyear. Em 1862, o parkesine foi criado a partir de celulose vegetal moldada por calor.
Sete anos depois, isso levou à invenção da celuloide nos Estados Unidos, que consiste em um parkesine aquecido misturado com cânfora e álcool. Logo surgiram suas primeiras aplicações industriais: substituiu o marfim das bolas de bilhar e foi usado nos primeiros filmes cinematográficos.
Em 1884, o químico francês Hilaire de Chardonnet patenteou uma fibra sintética, o primeiro tecido artificial, com o nome de “seda Chardonnet”, o que mais tarde se tornou o nylon e o tergal.
O primeiro plástico totalmente sintético, sem nenhuma molécula presente na natureza, foi inventado em 1907 nos EUA pelo químico belga Léo Baekeland: a baquelite, utilizada para fabricar carcaças de telefones, tomadas elétricas e cinzeiros.
Em 1912, o pioneiro dos polímeros, o químico alemão Friz Klatte, patenteou o policloreto de vinila, mais tarde conhecido pela sigla PVC. Sua utilização explodiu na década de 1950, quando se descobriu que poderia ser fabricado a partir de um subproduto muito barato da indústria química, o cloro.
A produção industrial se desenvolveu então nos anos 1950 a partir de frações refinadas de petróleo, em torno de três produtos essenciais: a poliamida, que provou sua eficácia como tecido para os paraquedas americanos durante os desembarques da Normandia em 1944; o teflon, um material usado em guerras devido à sua resistência, que depois passou a revestir frigideiras em todo o mundo; e o silicone.
A produção global do plástico aumentou 230 vezes entre 1950 e hoje, enquanto a população mundial triplicou para 8,2 bilhões, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Atualmente, 60% do plástico produzido é destinado a embalagens, construção e transportes, 10% a têxteis, 4% para eletrônicos, 10% a produtos de consumo, 2% a pneus e 15% para outros usos.
Apenas 9% é reciclado e entre 19 e 23 milhões de toneladas acabam em lagos, rios e oceanos, segundo a OCDE.
Desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia as consequências para a saúde humana dos microplásticos gerados pela degradação de resíduos deste material no meio ambiente, o que tem consequências para os sistemas imunológico, respiratório e endócrino e reduz a fertilidade.
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